A Universidade de Oxford, no Reino Unido, elegeu uma palavra um tanto inusitada (para não dizer estranha) como a que representa melhor o ano de 2023: “rizz”, uma possível abreviação do termo “carisma”.
Esta gíria se junta a outras seleções anteriores — que, segundo a instituição, foram escolhidas pelo potencial de revelar um “retrato da história social” de seus respectivos anos através das palavras.
No entanto, se a palavra é um retrato, talvez seja melhor trocar a câmera, já que muitas pessoas nas redes sociais, confusas com a “premiação”, comentaram que nunca tinham visto aquele termo na vida até aquele momento.
O que é ‘rizz’ e por que é a palavra do ano?
Durante quatro dias, cerca de 30 mil aficionados por linguística ao redor do mundo votaram em uma lista de oito palavras que, posteriormente, foram reduzidas para quatro opções e avaliadas pelos especialistas da universidade.
Em sua definição, o termo coloquial “rizz” significa “estilo, charme, ou atratividade”, ou a “habilidade de atrair um parceiro romântico ou sexual”. Tal como muitas palavras em inglês, a expressão também pode ser usada como verbo, “rizz up” — algo que, na nossa língua, ficaria como “passar papinho”.
Para a universidade de Oxford, o que contou para a seleção da palavra do ano 2023 é um exemplo de como a língua é capaz de se adaptar, morfar e espalhar antes de alcançar o mundo.
Isso, em parte, está ligado ao fato de que rizz seria uma contração a partir do meio da palavra “charisma”. Essa característica é incomum no idioma inglês, mas definiu a origem de outros termos muito populares, como “fridge” (geladeira), “flu” (gripe) — contrações de “refrigerator” e “influenza”, respectivamente.
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Casper Grathwohl, presidente do núcleo de idiomas da instituição, comentou que a seleção demonstra o quanto uma expressão extremamente popular em alguns grupos — e que em alguns casos, até chega a perder popularidade — acaba “vazando” para o cotidiano. E que esse processo é acelerado pelo mundo digital:
“Essa é uma história tão velha quanto a própria linguagem, mas histórias de evolução e expansão linguística que costumavam levar anos agora podem levar semanas ou meses”, afirma.
Para a Universidade de Oxford, a palavra vencedora é um exemplo das diferenças trazidas pelo mundo digital, acelerada à medida em que a geração Z ganha voz na sociedade.
Palavra do ano vencedora desbancou até Taylor Swift
A seleção de “rizz” para palavra do ano de 2023 não é a primeira premiação da Universidade de Oxford que causou certa estranheza. No ano passado, a instituição premiou “goblin mode” (“modo goblin”, em tradução livre), uma gíria para quando a pessoa não quer cumprir as pressões sociais.
“Dado que a expressão “modo goblin” ressoou com tantos de nós após a pandemia, é interessante ver uma palavra contrastante como rizz se destacar, talvez falando sobre o estado de humor que prevalece em 2023, no qual mais de nós estamos se abrindo após alguns anos desafiadores e encontrando confiança em quem nós somos”, comenta Grathwohl.
Se a palavra não chegou até você este ano, talvez seja por um fenômeno de bolha: o representante afirma que os números internos da Oxford mostram um crescimento das buscas pelo termo ao longo do ano.
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Segundo a revista People, Tom Hanks e George Clooney usaram a expressão durante entrevistas em momentos diferentes, e atingiu o topo de popularidade no ano quando o ator Tom Holland usou a palavra ao comentar sua relação com a atriz Zendaya.
De qualquer modo, a estranheza aumenta se compararmos os vencedores com as outras expressões finalistas da Oxford desbancadas pelo termo coloquial, desbancou finalistas definitivamente mais populares, como “Swiftie”, a gíria para os fãs enlouquecidos de Taylor Swift.
Outras expressões menos “badaladas”, mas mais populares, como “prompt”, aquele termo que descreve comandos para inteligências artificiais como o ChatGPT, e “situationship”, (algo como “relacionamento enrolado”), também foram destronadas.
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