Londres – A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) divulgou seu balanço anual com a lista de quantos jornalistas e profissionais de imprensa morreram em 2023: foram 120, incluindo 11 mulheres.
O número inclui os que estavam a serviço ou foram assassinados em atos relacionados ao seu trabalho, uma morte acidental e também os casos dos que perderam a vida em bombardeios em Gaza, um critério que provocou discórdia entre entidades de liberdade de imprensa este ano.
A IFJ, que reúne sindicatos e associações de classe em todo o mundo, destacou em seu levantamento que em 2023, 68% das mortes de jornalistas e profissionais de mídia no mundo foram relacionadas à guerra entre o Hamas e Israel.
Divergência na forma de contabilizar jornalistas que morreram em 2023
Em dezembro, a organização Repórteres Sem Fronteiras publicou seu relatório anual, apontando 45 fatalidades, número inferior ao de 2022, e contabilizando à parte os jornalistas que morreram em bombardeios do exército de Israel às suas casas ou abrigos em Gaza, o que provocou revolta do sindicato de jornalistas local, afiliado à IFJ.
O sindicato ameçou processar a RSF, acusando-a de “encobrir a imagem da ocupação” de “proteger Israel de qualquer responsabilidade perante a justiça internacional”, de “preconceito a favor da ocupação” e de “falta de profissionalismo”.
A organização se defendeu enumerando todas as manifestações e atos contra supostos crimes de guerra contra jornalistas, incluindo duas queixas no Tribunal de Haia.
Em seu levantamento, a Federação Internacional de Jornalistas não se refere à diferença de metodologia que deu origem ao protesto em Gaza, mas lista todos os mortos em uma só categoria, sem distinção das circunstâncias.
Veja os principais números do relatório da IFJ
- No Oriente Médio , 75 jornalistas palestinos, quatro israelenses e três libaneses morreram como resultado da guerra em Gaza, e três profissionais dos meios de comunicação foram mortos na Síria.
- Na região Ásia-Pacífico , 12 jornalistas morreram, na Índia (3), Afeganistão (2), Filipinas (2), Bangladesh (2), Paquistão (2) e China (1).
- Nas Américas do Norte e do Sul, 10 jornalistas foram mortos em 2023: três mexicanos, um paraguaio, três guatemaltecos, um colombiano, um hondurenho e um norte-americano.
- Na África, foram 8 assassinatos, em Camarões (2), Sudão (1), Lesoto (1), Mali (1), Somália (1), Moçambique (1), Nigéria (1) e uma morte acidental no Ruanda.
- Na Europa , 3 jornalistas e profissionais de meios de comunicação – ucranianos (1), russos (1) e franceses (1) – foram mortos na guerra na Ucrânia – e um profissional de imprensa perdeu a vida na Albânia.
A Federação defende a adoção de um instrumento vinculativo internacional que force os Estados a adotarem mecanismos para proteger a segurança e a independência dos jornalistas.
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