Londres – Um artigo de opinião no New York Times sugerindo que Taylor Swift seria lésbica ou bissexual, sem qualquer evidência ou confirmação por parte dela ou de seus representantes, causou revolta entre os fãs e críticas pela especulação sem fundamento sobre a vida pessoal da cantora.
O texto foi publicado na quinta-feira passada (4), assinado por uma das editoras da página de Opinião do jornal americano, Anna Marks. Ela dá a entender que assumir a sexualidade seria comercialmente negativo.
Em 500 mil palavras, ela lista referências diretas de Taylor Swift à causa LGBT e outras que julgou serem sinais indiretos de uma suposta relutância em se assumir como lésbica, no estilo das teorias da conspiração disseminadas nas redes sociais.
Taylor Swift já namorou vários homens famosos e atualmente está em um relacionamento com o atleta de basquete Travis Kelce, com quem tem sido vista desde o ano passado.
E a cantora já falou sobre seu incômodo com sugestões de que estaria namorando alguém, o que segundo ela, a fez passar a aparecer muitas vezes com amigas em público.
O artigo de 5 mil palavras, intitulado “Olha o que fizemos Taylor Swift fazer”, foi recebido com indignação e estranheza, por não ser comum um jornal sério como o New York Times especular sobre a vida pessoal de famosos, papel normalmente reservado a tabloides sensacionalistas.
Anna Marks adimite a estranheza de falar sobre a sexualidade da cantora sem que ela própria tenha feito declarações, mas diz que não é fofoca:
“Seria realmente melhor esperar para falar sobre isso por 50, 60, 70 anos, até que a Sra. Swift sussurre a história de sua vida para um biógrafo?”
Autora diz que ‘pistas’ levam a concluir que Taylor Swift seria lésbica ou bissexual
No texto, a autora comenta diversos fatos da vida de Taylor Swift e de sua carreira, chegando à conclusão de que as pistas, chamadas de “grampos caídos”, podem não fazer sentido de forma isolada, mas que ao serem colocadas juntas “são como o desenrolar do coque de uma bailarina após uma longa apresentação”.
Swift apoia abertamente a causa LGBTQ, em um momento em que os EUA entraram em uma onda conservadora e moralista resultando na apresentação de diversas leis contrárias a pessoas que não são heterossexuais.
Mas a própria autora do artigo cita uma ocasião, em 2019, em que a cantora disse não ser homossexual, embora no fim sugira que a declaração poderia ter sido feita por ela “não ter saído do armário”:
“Então a Vogue divulgou uma entrevista com a Sra. Swift que foi realizada no início de junho. Ao discutir suas motivações para lançar “You Need to Calm Down”, Swift disse:
“Os direitos estão sendo retirados de basicamente todos que não são homens cis brancos e heterossexuais”.
Ela continuou: “Até recentemente, não percebi que poderia defender uma comunidade da qual não faço parte”.
Essa declaração sugere que a Sra. Swift não se considerava, no início de junho, parte da comunidade LGBTQ; não esclarece se isso é porque ela era uma aliada heterossexual ou porque estava presa nos recessos sombrios e solitários do armário.”
Anna Marks também comparou as coreografias de Taylor Swift no palco do Eras Tour a uma suposta homenagem à coreógrafa lésbica Loie Fuller, igualmente sem qualquer fundamento.
E destacou que Swift lançou um vídeo no Dia da Visibilidade Lésbica dançando em uma parada do Orgulho LGBT e recusando a proposta de casamento de um homem em troca de um gato de estimação.
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Looks da cantora seriam “indícios”
A autora do texto publicado no New York Times faz ainda associações de looks de Taylor Swift como sendo sinais de que a cantora é lésbica ou bissexual:
“Às vezes, a Sra. Swift se comunica por meio de escolhas explícitas de cabelo, das cores da bandeira do orgulho bissexual ou de um motivo recorrente de vestidos de arco-íris.
Ela frequentemente se descreve como presa em armários de vidro ou, bem…em armários normais.”
Anna Marks conclui dizendo que esses fatores se combinam, “sugerindo às pessoas queer que ela é uma de nós”.
Taylor Swift ou sua equipe não se manifestaram oficialmente.
Mas um representante de sua equipe, falando sob anonimato à CNN, disse que “parece não haver limites sobre o que jornalistas escrevem sobre ela, por mais invasivo, falso ou inapropriado que seja”.
Apesar das críticas, o artigo continua no site do New York, Times, que não comentou diretamente sobre o conteúdo, enquanto leitores escreveram comentários negativos nas redes sociais e alguns disseram que iriam cancelar a assinatura.
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