Londres – O jornalista de guerra russo Alexander Rybin, de 39 anos, foi encontrado morto em uma estrada perto da fronteira da Rússia com a Ucrânia dias após anunciar em uma transmissão ao vivo que iria revelar fatos sobre “corrupção gigante” em Mariupol, cidade ocupada pelo exército de Vladimir Putin na guerra.  

A confirmação de sua morte foi feita pelo site Rabkor, para o qual ele colaborava e que exibiu o comentário. A nota diz que o corpo foi encontrado no dia 30 de dezembro na cidade de Shakhty, região de Rostov, quando ele retornava da Ucrânia. 

De acordo com as autoridades russas, a causa da morte seria uma doença cardíaca. Mas o site publicou uma declaração sugerindo que esta não seria a verdadeira causa, já que o jornalista era saudável.

Os pertences de Rybin não foram roubados. Ele foi achado com documentos, dinheiro e cartões de crédito. 

É mais uma morte de jornalista em circunstâncias misteriosas depois do início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Outro caso recente é o da editora-chefe da emissora estatal russa TV Kuban, Zoya Konovalova, encontrada morta no dia 5 de janeiro em casa.

O ex-marido também morreu e seu corpo foi encontrado perto da residência. Segundo as autoridades russas, o motivo foi envenenamento. 

Jornalista morto serviu no exército da Rússia 

Diferentemente de outros jornalistas de oposição ao regime Putin, Alexander Rybin foi aliado do presidente no passado. Ele apoiou a anexação da região de Donbass, na Ucrânia e chegou a lutar no exército russo entre 2014 e 2015. 

Depois disso, disse ter ficado “desiludido” mas continuou a escrever para meios de comunicação pró-Putin a partir de vários países como EUA, Turquia, Irã e Afeganistão. 

Mais recentemente, passou a colaborar com frequência com o Rabkor, um site de esquerda para o qual fez a transmissão sobre a situação em Mariupol

Rybin estava na cidade, palco de uma das mais sangrentas batalhas da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e local estratégico na guerra. Ela foi destruída e a Rússia prometeu reconstrução, mas a devastação permanece. 

Em uma transmissão ao vivo pelo Rabkor, ele disse: 

“Há dinheiro gigante, e oportunidades gigantes para corrupção”.

A minha impressão pessoal – não estou acusando ninguém de nada… é que há uma corrupção gigantesca em curso em Mariupol, que o exército russo ocupou após combates intensos na primavera de 2022.

O ano de 2023, na minha opinião, não foi tão mais fácil para os moradores de Mariupol do que o de 2022, infelizmente.”

Rybin prometeu contar mais detalhes sobre o que havia descoberto em sua reportagem na cidade em outra transmissão no Rabkor quando retornasse a Moscou, mas morreu no caminho, 32 quilômetros após cruzar a fronteira.