Londres – As jornalistas Elaheh Mohammadi e Niloufar Hamedi, que enfrentam longas penas de prisão no Irã, foram soltas temporariamente mediante pagamento de fiança equivalente a US$ 200 mil neste domingo (14), mas não ficaram livres da perseguição do governo. 

Na segunda-feira (15), o site de notícias sobre o Poder Judiciário Meezan informou que o Gabinete do Procurador-Geral abriu um novo processo contra elas por terem aparecido nas redes sociais após a libertação de cabelos soltos, sem usar o hijab (véu islâmico). 

As jornalistas estavam atrás das grades há 17 meses e foram condenadas em 2023 respectivamente a 12 anos (com detenção mínima de seis) e a 13 anos de cadeia (com detenção mínima de sete) pela cobertura da morte da jovem curda Mahsa Amini, em 2022. 

As acusações foram de colaboração com o governo dos EUA, conspiração contra o regime e propaganda contra o governo.

O informe do governo diz que as profissionais foram soltas temporariamente enquanto aguardam veredito do recurso, e não podem deixar o país.

Mesmo fora da cadeia, elas estão proibidas de se afiliar a partidos e grupos políticos e de praticar atividades online ou em meios de comunicação pelos próximos dois anos. 

As fotos e vídeos mostrando o momento em que as jornalistas deixaram a penitenciária Evin, em Teerã, e que valeram a nova acusação, foram postadas por amigos e parentes.

Nas primeiras imagens, registradas em vídeo, Mohamadi usa uma touca, e Hamedi está de cabelos soltos, mas em seguida colocou o véu. 

Foto: @Elnaazmohammadi

Quem são as jornalistas soltas no Irã 

Nioloufar Hamedi, Hamedi, que trabalhava no jornal Shargh foi presa em 22 de setembro de 2022 após sua reportagem sobre a situação crítica de Mahsa Amini no hospital.

A jovem recebeu graves ferimentos na cabeça sob custódia da polícia moral devido ao suposto uso errado do hijab, o véu islâmico, e sua morte desencadeou uma onda de protestos reprimidos com violência pelo regime iraniano. 

Uma semana depois, Elaheh Mohammadi, repórter do jornal Ham-Mihan, foi presa por ter viajado para documentar o funeral de Amini na cidade de Saqqez, onde foram registrados protestos contra a violência e opressão a mulheres no Irã.  

As duas estavam entre os profissionais de imprensa que passaram o fim de 2023 atrás das grades, mas podem retornar à cadeia, já que a libertação sob fiança é temporária.