Londres – O príncipe Harry desistiu hoje de um processo de difamação movido contra o tabloide Mail on Sunday em 2022, em que reclamava de uma reportagem sobre discussões em curso com  governo britânico para contar com segurança oficial quando estivesse visitando o país com a família.

O jornal afirmou que Harry tentou ocultar o pedido feito ao Home Office (Departamento do Interior, responsável pela segurança pública), e que a intenção de pagar pelo serviço divulgada pela assessoria quando a demanda se tornou pública não fazia parte das negociações com o governo, o que foi considerado por ele uma ataque à sua honestidade e integridade.

Essa era mais uma das diversas ações judiciais movidas por Harry e Meghan contra jornais britânicos. Em dezembro, ele venceu uma disputa judicial com o Mirror Group Newspaper, ao lado de outras celebridades como Elton John.

Príncipe Harry desistiu do processo pouco antes do prazo para apresentar provas 

Na ação concluída em dezembro, os jornais do grupo foram considerados culpados por hackeamento telefônico e espionagem para conseguir informações sobre a vida pessoal de Harry, entre 2006 e 2011. 

O Mirror Group foi condenado a pagar uma indenização de £ 140,6 mil (R$ 880 mil). Desta vez, no entnato, Harry teve prejuízo. 

A desistência do processo contra o Mail On Sunday, anunciada hoje em uma reportagem no site do Daily Mail, aconteceu horas antes do prazo final para os advogados de Harry apresentarem provas ao tribunal, sugerindo que talvez não houvesse elementos sólidos para rebater a defesa do jornal. 

Segundo o Daily Mail, ele terá que arcar com uma conta de £ 750 mil (R$ 4,6 milhões), incluindo honorários de seus próprios advogados e as custas da parte ré, no valor de £ 250 mil. 

O imbroglio da segurança de Harry

Quando deixaram o Reino Unido para se estabelecer nos EUA, em 2020, Harry e Meghan planejavam continuar como “working royals” em tempo parcial, representando a família real em compromissos oficiais mas ao mesmo tempo com liberdade para outros projetos pessoais.

Mas a ideia não foi aceita, e eles acabaram sendo inteiramente desligados. Dessa forma, deixaram de contar com os privilégios a que tinham direito, tendo que  pagar por sua própria equipe de guarda-costas. 

O argumento de Harry ao pedir a segurança oficial quando estivesse em solo britânico foi o de que sua equipe privada não tinha acesso a informações da inteligência do país sobre possíveis ataque a ele e à família, o que os colocaria em risco quando visitassem o Reino Unido.

Mas a questão de quem pagaria por isso virou alvo de controvérsia. O artigo que deu origem à disputa dizia:

“Exclusivo: como o Príncipe Harry tentou manter em segredo sua briga legal com o governo por causa dos guarda-costas da polícia… então – poucos minutos após a história ser divulgada – sua máquina de relações públicas tentou dar um toque positivo à disputa.”

O toque positivo, segundo o jornal, era a disposição de pagar pela proteção. O Daily Mail diz que seus advogados apresentaram evidências no tribunal indicando que Harry havia afirmado à família real não ter recursos para pagar pela segurança quando discutia seu futuro após o rompimento. 

O artigo original do Mail On Sunday informava que tal oferta de pagamento não tinha sido feita ao Comitê Executivo para a Proteção da Realeza e das Figuras Públicas – e nem foi mencionada nas cartas de seus advogados ao Ministério do Interior. 

Harry chegou a ter uma vitória parcial no processo. Em julho de 2023, um juiz considerou partes da reportagem difamatórias, dando realmente a impressão de que ele tentava enganar o público.

A defesa de Harry tentou então conseguir uma sentença sem julgamento, mas em dezembro o pedido foi recusado pela Corte. 

O julgamento aconteceria entre maio e julho, mas com a desistência a causa foi encerrada.

Harry segue com outro processo contra o Ministério do Interior por causa da decisão de que ele não receberia mais o “mesmo grau” de segurança de proteção pessoal durante suas visitas.