Londres – O Doomsday Clock, também conhecido como Relógio do Fim do Mundo ou Relógio do Apocalipse, vai revelar esta semana se os ponteiros que simbolicamente indicam quanto tempo falta para o planeta ser extinto vão se mover para frente ou para trás em 2024. 

O relógio é uma metáfora poderosa, que utiliza um elemento visual familiar a pessoas de todas as idades, culturas ou níveis de conhecimento científico para chamar a atenção para os riscos ao planeta e às pessoas que vivem nele diante de ameaças como a possibilidade de uma guerra nuclear, as mudanças climáticas e a desinformação

Quanto mais perto da meia-noite, maior o risco. Em 2023, o relógio chegou ao seu ponto mais perigoso, devido em parte à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. 

A história do Doomsday Clock foi contada em um documentário lançado no fim de 2023, que teve a participação dos cientistas do Bulletin of The Atomic Scientists, 10 deles detentores de prêmios Nobel. 

No filme, os diretores Dirk Van Den Berg e Pascal Verroust mostram a história que começou em 1939, quando o cientista Albert Einstein enviou ao governo dos EUA uma carta alertando sobre o desenvolvimento de armas nucleares pela Alemanha. 

Veja o trailer.

A carta fez com que o governo criasse o Manhattan Project, destinado a produzir uma bomba atômica, que seria lançada sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial.

No entanto, alguns dos cientistas encarregados de criá-la tentaram evitar que ela fosse utilizada, em vão. 

Conscientes do risco que a nova arma representava, Einstein e outros cientistas, incluindo o agora famoso Robert Oppenheimer, tema do filme que vem ganhando os principais prêmios de cinema do ano, criaram o Boletim dos Cientistas Atômicos em 1945, e dois anos depois nasceu o Relógio do Fim do Mundo. 

Desde então ele vem marcando a cada ano a hora simbólica para o apocalipse da humanidade, de acordo com os fatos positivos ou negativos. Os ponteiros chegaram a recuar 14 minutos entre 1987 e 1991, quando o relaxamento das tensões da Guerra Fria apontavam para um risco nuclear menor.

Mas desde então, os ponteiros vêm avançando. Como mostra o filme, a hora do relógio passou a ser influenciada também outros riscos como o aquecimento global, tecnologias disruptivas e a desinformação digital.

Ela entrou para o rol de preocupações dos cientistas do Doomsday Clock em 2017, associada à eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA. 

O Boletim é feito por uma organização independente, sem ligação com nenhuma organização científica em particular, embora o relógio esteja fisicamente na Universidade de Chicago, de onde é feita a transmissão anual que revela a nova hora. 

O Relógio do Apocalipse em 2024 

Em 2023, os ponteiros avançaram e o relógio marcou 90 segundos para a meia-noite, em grande parte (embora não exclusivamente) devido aos perigos crescentes da guerra na Ucrânia. Foi o ponto mais próximo de uma catástrofe global desde 1945. 

Não há nenhuma pista para a hora do relógio do apocalipse em 2024. Mas acontecimentos como a continuidade da guerra na Ucrânia, o conflito em Gaza com Israel sendo um país que detém a bomba atômica e as ameaças da Coreia do Norte são sinais de que os cientistas podem não estar otimistas. 

Na esfera ambiental, 2023 viu o planeta bater recordes de calor, e desastres naturais se tornaram mais frequentes e severos, atribuídos às mudanças climáticas.

A desinformação, por sua vez, tornou-se ainda mais preocupante com a disseminação do uso da inteligência artificial, facilitando a manipulação de imagens e a criação de vídeos deepfake.

O documentário completo está disponível para aluguel na plataforma Vimeo