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Repórter do Wall Street Journal tem prisão preventiva prorrogada na Rússia pela quarta vez

Repórter americano Evan Gerchkovich preso na Rússia

Evan Gershkovich ouve a decisão de estender sua sentença no Tribunal (Foto: divulgação tribunal Distrital de Lefortovo via Telegram)

Londres – O tribunal de Lefortovo, em Moscou, prorrogou nesta sexta-feira (26) por mais dois meses a prisão do repórter americano Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, detido na Rússia desde março de 2023 sob acusação de espionagem. 

Com a quarta extensão, ele poderá completará um ano atrás das grades sem que seu caso tenha sido julgado e que detalhes das provas contra ele tenham sido apresentados. O jornalista pode pegar uma pena de até 20 anos. 

Gershkovich, 32 anos, filho de pais soviéticos que emigraram para os EUA, foi capturado em Yaketerinburg durante uma reportagem sobre o complexo militar russo utilizado para fornecer armas às tropas que combatem na Ucrânia. 

Primeiro repórter americano preso na Rússia desde a Guerra Fria 

Ele é o primeiro jornalista americano preso na Rússia depois do fim da Guerra Fria. A acusação de crime é fundamentada no artigo 276 do Código Penal da Federação Russa, segundo o Tribunal. 

O Cônsul americano em Moscou,  Stuart Wilson, acompanhou  a audiência de sexta-feira no Tribunal Distrital de Lefortovo, que ocorreu a portas fechadas porque as autoridades afirmam que os detalhes do processo criminal contra o jornalista são confidenciais. 

O tribunal divulgou um vídeo no Telegram com imagens do jornalista ouvindo a sentença. 

Em uma entrevista coletiva em dezembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou conversas com os EUA em torno de que um acordo para a libertação do repórter envolvendo troca de presos, mas a nova extensão da prisão preventiva indica que os entendimentos não estão avançando. 

O Ministério das Relações Exteriores informou que uma troca só poderia acontecer depois do julgamento, que nem foi marcado.

Em 2022, a jogadora de basquete americana Brittney Griner, condenada por porte de drogas, foi trocada por russos presos nos EUA. 

O Cônsul americano em Moscou,  Stuart Wilson, acompanhou  a audiência de sexta-feira no Tribunal Distrital de Lefortovo, que ocorreu a portas fechadas porque as autoridades afirmam que os detalhes do processo criminal contra o jornalista são confidenciais. 

O tribunal divulgou um vídeo no Telegram com imagens do jornalista ouvindo a sentença. 

Repórter com nacionalidade americana também está presa 

Além do repórter do Wall Street Journal, há outra jornalista com nacionalidade americana presa na Rússia. Alsu Kurmasheva, que tem dupla nacionalidade (russa-americana) foi capturada em outubro, quando esteve no país sem visto de trabalho para visitar parentes. 

Ela vive em Praga e é editora do noticiário tártaro-bashkir da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), financiada pelo Congresso dos EUA, escrevendo  também regularmente sobre a guerra na Ucrânia

Entenda o caso de Evan Gershkovich

Gershkovich, de 31 anos, é filho de russos originários da antiga União Soviética que agora moram nos EUA. 

Ele fala russo, já foi repórter da Agence France-Presse e do Moscow Times e assistente de notícias do The New York Times, segundo seu perfil no site do Wall Street Journal. 

Evan Gershkovich (reprodução vídeo Wall Street Journal)

Sua detenção aconteceu na cidade de Yekaterinburg, nos Montes Urais, por suspeita de “espionagem no interesse do governo americano”, disse o serviço secreto russo, o FSB, na época da prisão. 

O repórter teria “coletado informações que constituem  segredo de estado sobre uma das empresas do complexo militar-industrial russo”.

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, a investigação jornalística de Gershovich envolveria atividades do grupo de mercenários Wagner, comandando pelo então aliado de Vladimir Putin, Yevgeny Prigozhin, que acabou morto em um acidente de avião suspeito um mês depois de liderar uma revolta contra o presidente. 

Pouco antes da prisão, em 10 de março, o jornalista havia publicado uma reportagem antecipando tensões entre a elite do Kremlin e Prigozhin. 

O Wall Street Journal e o governo dos EUA negam que houvesse qualquer ato de espionagem, e asseguram que ele estava no local a trabalho. 

Evan Gershkovich ouve a decisão de estender sua sentença no Tribunal (Foto: divulgação tribunal Distrital de Lefortovo via Telegram)

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