Londres – O jornalista Fakhri Karim, um dos nomes mais conhecidos na mídia e nos círculos políticos do Iraque, sobreviveu a um atentado em Bagdá, quando o carro em que viajava foi atingido por 17 tiros disparados por pessoas armadas que estavam em dois caminhões.
Karim, de 81 anos, é um ex-político e editor do jornal al-Mada, um dos poucos veículos críticos ao governo do Iraque.
Ele voltava com a esposa, Ghada Al-Almily, da Feira Internacional de Livros, organizada pela fundação cultural que leva o nome do jornal.
O ataque aconteceu na noite de 22 de fevereiro na área de Al-Qadisiyah, em Bagdá, e provocou protestos de organizações internacionais de liberdade de imprensa.
Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), trata-se de um local seguro, onde estão sediados escritórios de agências de segurança do governo iraquiano, e perto da Zona Verde, que acolhe embaixadas estrangeiras no Iraque.
O jornal dirigido por Karim publicou no Facebook fotos do carro atingido por balas.
Karim atuou como conselheiro do ex-presidente iraquiano Jalal Talbani e foi um oponente direto do então presidente Saddam Hussein.
Atentado ao jornalista expõe insegurança no Iraque
“A tentativa de matar o editor do Al-Mada, Fakhri Karim, em uma área altamente segura de Bagdá, chama a atenção sobre a escuridão que o Iraque e seus jornalistas enfrentam”, disse Sherif Mansour, coordenador CPJ para o Oriente Médio e Norte da África.
“As autoridades iraquianas deveriam anunciar publicamente os perpetradores e aqueles que estão por trás deles e levá-los rapidamente à justiça”, cobrou.
Num comunicado do Facebook, o Al-Mada descreveu o evento como uma “tentativa covarde de assassinato” e pediu uma investigação criminal.
O ministro do Interior do Iraque, Abdul Amir al-Shammari, disse em comunicado divulgado pelos meios de comunicação que ordenou a formação de uma equipe de segurança especializada para investigar e identificar os agressores.
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Um dos piores países em liberdade de imprensa
O Iraque ocupa o 167º lugar no Global Press Freedom Index da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que lista 180 nações.
Segundo a organização, entre o terrorismo, a instabilidade política e os protestos, os jornalistas enfrentam ameaças de todos os lados e “deparam-se com a fraqueza do Estado, que falha no seu dever de protegê-los”.
Nos últimos anos, muitos jornalistas foram mortos por grupos armados, tanto organizações jihadistas como milícias, aponta a RSF, acrescentando que os assassinatos raramente são investigados e os responsáveis ficam impunes.
Ameaças de morte e raptos também são frequentemente utilizados para aterrorizar e silenciar jornalistas. Profissionais influentes como Fakhri Karim costumavam ser os principais alvos desta forma de intimidação, mas hoje em dia também é utilizada contra jornalistas menos conhecidos.
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