Londres – A apresentadora americana Oprah Winfrey anunciou seu afastamento do conselho de administração da WeightWatchers (Vigilantes do Peso), cujas ações na bolsa de valores despencaram após a notícia de que ela não concorrerá à reeleição, em maio.
Em 2023, Oprah admitiu em entrevistas que recorreu a medicamentos para perda de peso e que passou a depender deles, o que vai de encontro à proposta da marca, baseada em alimentação balanceada e exercícios. Em uma reportagem publicada na revista People, a apresentadora revelou que usa um remédio (sem citar qual) “sempre que sente que precisa, para evitar o efeito ioiô”.
No comunicado em que anunciou a saída da apresentadora, a empresa menciona a intenção “de eliminar qualquer conflito de interesses percebido em torno do uso de medicamentos para perda de peso”.
Oprah vai doar ações da Vigilantes do Peso
Além de integrar o conselho por nove anos, a apresentadora é dona de cerca de 1,4% das ações da empresa, que atualmente valeriam cerca de 4,1 milhões de dólares – bem menos do que foi seu investimento inicial, de 43,2 milhões de dólares.
Ao anunciar a saída do conselho, a apresentadora também se comprometeu a doar a sua participação financeira no Vigilantes do Peso ao Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana.
Em um comunicado distribuído pela companhia, ela disse que continuará a trabalhar com a empresa “para dar visibilidade sobre o reconhecimento da obesidade como uma condição crônica”.
Oprah Winfrey ingressou no Vigilantes do Peso em 2015 e deu à empresa um grande impulso, com suas ações mais que dobrando logo após o anúncio do acordo.
A saída da apresentadora, divulgada na noite de quarta-feira, fez com que as ações da WeightWatchers despencassem. Os papéis chegaram a valar US$ 40 em 2021, e caíram 17% na quinta-feira, para US$ 3,18.
Mas o Vigilantes do Peso, fundado na década de 60, já vinha patinando desde que medicamentos como Ozempic ganharam popularidade entre celebridades como Oprah e depois entre pessoas comuns. As vendas globais em 2023 caíram quase 15% em relação ao ano anterior, para US$ 889,6 milhões.
A WeightWatchers, oficialmente chamada de WW International, entrou no ano passado no negócio de medicamentos prescritos para perda de peso ao adquirir a Sequence, um provedor de telessaúde que oferece aos usuários acesso a medicamentos GLP-1. Também lançou o WeightWatchers GLP-1, um programa de assinatura para pessoas que usam essa classe de medicamentos.
Mas pelo menos no Brasil a empresa desistiu de tentar competir. O comunicado no site diz que as assinaturas serão canceladas 30 dias após o pagamento da última mensalidade, admite que a decisão pode ser “decepcionante” e agradece a funcionários e assinantes pelo apoio ao longod os mais de 50 anos de atuação.
Leia também | Campanha por ‘beleza real’ de mulheres em games divide opiniões: inclusão ou incentivo à obesidade?