Londres – O cineasta Chen Pinlin está sendo processado pelo governo da China sob acusação de “provocar brigas e problemas” devido a um documentário sobre os “protestos dos papéis brancos”,  que aconteceram na cidade de Xangai em 2022.

Ele retratou os atos em que manifestantes seguravam folhas de papel em branco para denunciar a censura e os abusos do regime chinês como parte da política de “covid-zero”, que foram fortemente reprimidos pela polícia. 

 Chen Pinlin está detido em Xangai desde janeiro de 2024  e pode pegar cinco anos de prisão. 

Protestos na China começaram após incêndio 

Os protestos dos papéis brancos foram motivados por um incêndio em um prédio residencial que matou pelo menos 10 pessoas em novembro de 2022.

Foram levantadas questões sobre se as rigorosas medidas de bloqueio do governo chinês por causa da covid-19 teriam impedido as vítimas de escapar. 

Chen lançou o documentário “Not the Foreign Force” no primeiro aniversário dos protestos no YouTube e no X, antigo Twitter, em novembro de 2023. 

O documentário inclui imagens dos protestos e reproduções de postagens nas redes sociais exigindo liberdade de expressão,  informando que alguns manifestantes permaneciam detidos até aquele momento. 

A conta de Pinlin no Twitter/ X e o canal do YouTube de Chen foram excluídos na mesma semana. Em janeiro de 2024 ele foi detido, e agora foi indiciado. 

“A prisão de Chen demonstra o medo da China quando alguém tenta registrar legitimamente as suas práticas autoritárias”, disse Iris Hsu, representante do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) no país. 

 “As autoridades chinesas devem libertar Chen Pinlin, retirar imediatamente todas as acusações contra ele e parar de deter jornalistas e documentaristas que estão apenas fazendo o seu trabalho ao noticiar questões de interesse público.”

 A organização de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também se manifestou contra a ameaça de prisão do cineasta. 

“Apelamos às democracias para que aumentem a pressão sobre as autoridades chinesas para garantir que todas as acusações contra Chen sejam retiradas e que ele seja libertado juntamente com outros 120 defensores da liberdade de imprensa detidos no país”, disse Cédric Alviani, diretor da RSF na região Ásia-Pacífico. 

A organização salientou que o regime chinês tem conduzido uma cruzada em grande escala contra o jornalismo desde que o líder Xi Jinping assumiu o poder, em 2012.

A China está classificada em 179º lugar entre 180 países e territórios no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2023 da RSF . É o país do mundo com mais jornalistas presos.