Londres – O jornalista afegão exilado Ahmad Hanayesh foi baleado quando voltava para casa em uma área residencial da capital do Paquistão, Islamabad, segundo informações do Centro de Jornalistas do Afeganistão e da imprensa paquistanesa. Ele sofreu ferimentos na cabeça e nas pernas.
O Paquistão tornou-se a principal rota de fuga dos jornalistas ameaçados quando o Talibã retomou o poder no Afeganistão, em 2021, mas após os primeiros meses de abrigo os profissionais de imprensa passaram a enfrentar riscos de segurança e obstáculos do governo paquistanês para se manterem legalmente no país.
Hanayish é fundador de duas rádios, Kahkashan e Dunya, e administrava a emissora Khorasan, na província de Panjshir, que segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) teve seu prédio transformado pelo Talibã em uma base militar.
A Khorasan havia sido fundada há aproximadamente 18 anos pelo jornalista, com o apoio das forças americanas durante a ocupação do Afeganistão.
Mesmo de longe de seu país, o jornalista continuou trabalhando para a Kahkashan e para a Rádio Azadi (anteriormente Radio Free Afeganistão), mantida pela Rádio Free Europe / Radio Liberty (RFE/RL), que é financiada pelo governo dos EUA.
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Jornalista afegão exilado foi atacado por dois homens em uma moto
Um parente de Ahmad Hanayish disse ao Afghanistan Journalists Center (AFJC) que na quarta-feira, 3 de abril, por volta das 23h, quando o jornalista voltava da academia de ginástica, dois homens armados em uma motocicleta atiraram nele.
Segundo o familiar relatou ao AFJC, Hanayish foi atingido por pelo menos três disparos quando tentava escapar. Uma bala atingiu a cabeça e duas atingiram as pernas.
Ele foi levado ao hospital, onde os médicos diagnosticaram que o ferimento na cabeça não era profundo, mas ele teve que passar por uma cirurgia para tratar dos ferimentos nas pernas.
A AFJC condenou o ataque a Ahmad Hanayish e apelou às autoridades paquistanesas para que investiguem o incidente e forneçam o tratamento médico necessário ao jornalista.
Além disso, a AFJC instou as autoridades a priorizarem a segurança do jornalista, de sua família e de outros profissionais de imprensa afegãos exilados no Paquistão.
“Foram registrados diversos relatos de ameaças e assédio contra imigrantes afegãos no Paquistão, especialmente jornalistas, ao longo dos últimos dois anos, com acusações contra a polícia paquistanesa em muitos casos”, disse a organização em nota.
A fuga de jornalistas afegãos para o exílio é decorrente do ambiente de repressão imposto pelo Talibã, apesar de promessas iniciais de que a liberdade de imprensa seria mantida.
O refúgio no Paquistão, que no início acolheu os dissidentes do Talibã, não foi para muitos deles a garantia de que teriam uma nova vida e que poderiam trabalhar e desfrutar de segurança em um novo país.
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