Londres –  Um grupo de 12 meios de comunicação dos EUA, incluindo as maiores redes de TV do país, uniu-se em um manifesto conjunto para pressionar Donald Trump e Joe Biden a realizarem debates eleitorais antes do pleito marcado para novembro deste ano. 

Tradição na imprensa dos EUA, os debates são organizados desde a década de 80 por um comitê apartidário, representando uma oportunidade de os eleitores avaliarem os candidatos de forma direta, sem o filtro da propaganda eleitoral. 

Embora Trump tenha se recusado a participar de confrontos diretos com seus opositores dentro do Partido Republicano durante a fase das eleições primárias este ano, ele tem desafiado Biden a debater – mas o atual ocupante do cargo é que está reticente e não respondeu ao manifesto das empresas de mídia.

Maiores redes de TV assinam manifesto por debate Biden – Trump

A carta é assinada por ABC News, CBS News, CNN, NBCUniversal News Group, FOX News Media, The Associated Press, C-SPAN, NewsNation, Univision, NPR, PBS NewsHour e USA Today. 

O texto diz: 

“Os debates eleitorais gerais têm uma rica tradição na  democracia americana, tendo desempenhado um papel vital em todas as eleições presidenciais dos últimos 50 anos, desde 1976.

Em cada uma dessas eleições, dezenas de milhões de pessoas ligaram a TV para ver os candidatos debatendo frente a frente, em uma disputa pelos votos dos cidadãos americanos com base em suas ideias.

“Se há uma coisa em que os americanos podem concordar durante este período polarizado, é que os riscos desta eleição são excepcionalmente elevados. Neste cenário, simplesmente nada substitui o debate direto entre os candidatos, expondo ao povo americano suas visões para o futuro da nação”.

Nas eleições de 2020, Donald Trump concordou em comparecer aos três debates que tradicionalmente acontecem na fase final da campanha.

Mas cancelou a participação no terceiro deles por ter testado positivo para a covid-19 e não quis participar por teleconferência. 

A campanha de Trump não apenas quer debater este ano quanto pede que os encontros aconteçam mais cedo. O primeiro está previsto para setembro. 

A disputa entre os dois candidatos está apertada, segundo do New York Times e do Siena College divulgada há três dias, apontando 46% de preferência por Trump e 45% por Biden.

Qualquer deslize pode ser fatal para as pretensões eleitorais dos candidatos, e os debates são imprevisíveis, sobretudo com a retórica agressiva adotada por Trump como seu estilo. 

Ficou na história o desastre eleitoral resultante de um debate na TV entre os então candidatos John Kennedy e Richard Nixon, em 1960.

Mais jovem do que o opositor, Kennedy ainda teve o benefício de enfrentar um Nixon adoentado, e a aparência física dos dois foi apontada como determinante para que o senador vencesse as eleições. 

Trump quer antecipar debates 

Nas eleições de 2024, Trump dá sinais de se considerar mais fortalecido do que Joe Biden para encará-lo na TV. O atual presidente tem sido alvo de comentários por falhas de memória em entrevistas e discursos.

Se uma delas acontece na tensão de um debate, o ex-presidente teria uma oportunidade de expor uma suposta fragilidade de seu oponente que dificilmente deixaria de aproveitar, o que pode determinar os rumos da eleição. 

Em carta enviada à Comissão de Debates Presidenciais na semana passada, a campanha de Trump disse:

“Já indicamos que ‘o presidente Trump’ está disposto a debater a qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer lugar – e a hora de iniciar esses debates é agora”. 

Em comício no último sábado na Pensilvânia, Donald Trump voltou a desafiar Biden, colocando um púlpito vazio no palco para simbolizar a pressão sobre o atual presidente. 

Biden pouco inclinado a encarar o opositor 

Já a campanha de Joe Biden não está querendo confronto direto, tendo sugerido que a Comissão pode não ter condições de realizar um debate justo com a presença de Trump. 

O próprio Biden indicou a falta de interesse em debater com Trump. Em fevereiro, ele disse que entende a vontade do opositor de debater com ele, atribuindo-a ao fato de que o ex-presidente “não tem muito o que fazer”.

Em março, ele afirmou que sua confirmação para participar de um debate eleitoral dependeria “do comportamento de Trump”.