Londres – Menos de um ano após sobreviver a um atentado, o jornalista Muhammad Siddique Mengal foi morto no Paquistão em 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em Khuzdar, capital da província de Baluchistão. 

Presidente da Associação de Imprensa de Khuzdar, Mengal foi vítima de um explosivo magnético colocado em seu carro por um homem não identificado. A região é palco de um movimento separatista. 

O carro explodiu em uma estrada movimentada quando ele seguia para as orações de sexta-feira em uma mesquita. Outros dois homens morreram no atentado.

O ataque foi filmado por câmeras de segurança, que mostram um homem em uma moto se aproximando do veículo supostamente para afixar a bomba na lataria pouco antes da explosão. 

Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), pelo menos nove outras pessoas ficaram feridas na explosão. 

Mengal, que trabalhava como jornalista desde 1997, era conhecido por suas contribuições para o jornal diário local Bakhabar, Independent News Pakistan e Nawa e Waqt. 

Jornalista morto no Paquistão tinha sido atacado 

O jornalista já havia sobrevivido a um atentado contra sua vida em agosto do ano passado, quando homens atiraram contra o seu veículo. No entanto, nenhuma prisão foi feita, nem medidas de segurança foram adotadas pelas autoridades.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Baluchistão, Khalil Ahmed, disse que a situação precária enfrentada pelos jornalistas em Khuzdar não pode ser ignorada e que devem ser tomadas medidas imediatas para garantir a segurança dos profissionais. 

Segundo a polícia, o motivo do ataque ainda é desconhecido. De acordo com a IFJ, as investigações estão em andamento, mas nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo ataque.

O Sindicato Federal de Jornalistas do Paquistão (PFUJ) cobrou investigação rigorosa e punição dos agressores.

O primeiro-ministro Shehbaz Sharif e o ministro da Informação e Radiodifusão, Attaullah Tarar, expressaram profundo pesar pela morte de Siddique, reconhecendo a sua contribuição para o jornalismo no Baluchistão. Eles prometeram eliminar o terrorismo e garantir justiça para as vítimas da explosão.

Insegurança no Paquistão 

O Paquistão está classificado em 152º no Global Press Freedom Index da organização de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras. 

De acordo com o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), desde 1992 64 profissionais foram mortos em conexão com o seu trabalho no país, que ocupa o 11º lugar no Índice de Impunidade Global de 2023 da organização.

Em 3 de abril, o jornalista afegão exilado Ahmad Hanayesh foi atacado por homens armados em Islamabad. Em 14 de março, o jornalista paquistanês Jam Saghir Ahmed Lar foi morto a tiros na província central de Punjab.

Na última semana de abril, o conhecido âncora de televisão paquistanês Hamid Mir, que apresenta o programa político “Capital Talk” no Geo News e sobreviveu a pelo menos duas tentativas de assassinato anteriores, disse ao CPJ que recebeu múltiplas ameaças de morte nas redes sociais e avisos de que sua vida estava em perigo. Mir relatou as ameaças à polícia.