Londres – Mais de 50% da população mundial vive num país ou território onde a situação é classificada como “muito grave” no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024 da Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

E menos de 8% da população global está neste momento vivendo em locais onde a situação é “boa” ou “satisfatória”. É o caso do Brasil, que ganhou 10 posições na lista de 180 países e figura em 82º lugar este ano, situado na zona considerada satisfatória. 

Os países onde a liberdade de imprensa é mais restrita aparecem no mapa da RSF com a cor vermelha. “Nesses locais, trabalhar como jornalista significa arriscar a vida ou a sua liberdade”, afirma a organização.

Índice de Liberdade de Imprensa baseado em cinco atributos

O Global Press Freedom Index da RSF, divulgado no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, classifica os países de acordo com a pontuação em cinco atributos: contexto político, cenário jurídico, segurança, situação econômica e contexto sociocultural. 

A Noruega ficou em primeiro lugar novamente este ano, enquanto a Eritreia ocupou a lanterna da lista, posição que era da Coreia do Norte.  

Além de listar as nações, a Repórteres Sem Fronteiras examina também o impacto das restrições à liberdade de imprensa sobre a população mundial.

De acordo com o mapa do Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024, os 50% da população do mundo vivendo nas zonas vermelhas distribuem-se por 36 países (eram 31 países em 2023). 

Ranking de liberdade de imprensa da Repórteres Sem Fronteiras traz Brasil em 82º

Cinco dos dez países mais populosos do mundo estão nesta faixa: Índia (classificada em 159º lugar entre 180 países no Índice), China (172º), Paquistão (152º), Bangladesh (165º) e Rússia (162º).

Eleições agravam restrições ao trabalho da imprensa 

Com exceção da Índia, que atualmente realiza eleições, todos estes países tiveram eleições em 2023 ou nos primeiros meses de 2024.  Na visão da organização, as eleições têm sido pretexto para tentativas de controle político sobre notícias e informações.

A extensão deste controle é uma referência útil para saber até que ponto a liberdade de imprensa é restringida.

Foi o caso dos cinco gigantes demográficos coloridos em vermelho no mapa do índice de liberdade de imprensa, cujas eleições realçaram a gravidade das ameaças ao direito à informação.

A violência contra jornalistas, a censura e a desinformação têm prejudicado as campanhas eleitorais nestes países desde o início de 2023, como descreve a RSF no relatório deste ano. 

A situação da liberdade nos países mais populosos 

A tabela mostra a pontuação dos países mais populosos em cada um dos atributos. 

  • Na China, o Presidente Xi Jinping foi reeleito para um terceiro mandato em março de 2023 naquele que é o maior carcereiro de jornalistas do mundo, com mais de 110 atualmente detidos. 
  • Na Rússia, novas leis para regular a Internet russa – “Runet” – antes das eleições de março de 2024 foram concebidas para silenciar vozes dissidentes e restringir o acesso a notícias e informações confiáveis ​​para os mais de 140 milhões de habitantes. Os meios de comunicação independentes foram suprimidos e o número de jornalistas presos e condenados segue aumentando. 
  • Em Bangladesh, onde Sheikh Hasina ganhou o quarto mandato consecutivo como primeira-ministra nas eleições gerais de janeiro de 2024 , o ano anterior foi marcado por muita violência contra jornalistas, especialmente durante manifestações que alimentaram um clima de terror favorável ao governo.
  • No Paquistão, a censura dos meios de comunicação por parte das agências de inteligência – suspeitas de estarem por trás dos assassinatos de jornalistas no exterior– foi intensificada durante a campanha eleitoral de fevereiro de 2024, com o objetivo de manter o partido do antigo primeiro-ministro Imran Khan fora da imprensa.
  • Na Índia, enquanto Narendra Modi tenta um terceiro mandato – seus primeiros dez anos como primeiro-ministro desde 2014 deixaram o saldo de 28 jornalistas mortos – o flagelo das campanhas de desinformação, o assédio de jornalistas e as restrições ao acesso de repórteres estrangeiros ao país têm crescido.