Londres – A Bloomberg News anunciou “medidas disciplinares” sobre jornalistas de sua equipe envolvidos na publicação de uma reportagem confirmando a libertação do repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich na troca de presos entre Rússia e EUA, quando a notícia ainda estava sob embargo.
O embargo é uma prática no jornalismo e raramente desrespeitado. Os jornalistas recebem as notícias ou documentos como relatórios, preparam suas matérias mas aguardam um horário determinado ou o sinal verde da fonte para a veiculação.
Além de ser visto como uma “trapaça” sobre os colegas, o embargo quebrado na troca de presos poderia colocar em risco a vida dos reféns, que no momento em que a matéria foi ao ar pela Bloomberg ainda estavam em um voo russo rumo à Turquia, onde seriam entregues a autoridades americanas.
O furo da Bloomberg na troca de presos
A Bloomberg News publicou no site o “furo” sobre o desfecho da troca de prisioneiros às 7h41 (horário de Nova York) do dia 1º de agosto.
Em seguida um editor fez um post no Twitter /X declarando ter sido “uma das maiores honras de sua carreira ajudar a dar a notícia”.
Após protestos, veio uma correção às 8:59, informando que os reféns ainda não tinham sido libertados. Autoridades e a direção do Wall Street Journal ficaram furiosos.
O próprio jornal onde o preso mais famoso do grupo trabalhava e tinha todas as informações detalhadas sobre as circunstâncias da libertação não se antecipou em relação aos demais.
Na troca foram libertados também três outros jornalistas: Alsu Kurmasheva, Vladimir Kara-Murza e Pablo Gonzalez, este último na cota da Rússia.
O editor-chefe da Bloomberg, John Micklethwait, enviou nesta segunda-feira (5) um memorando à equipe informando sobre as medidas disciplinares, e disse ter mandado uma correspondência pessoal a todos os prisioneiros envolvidos na troca se desculpando pelo erro.
Leia também | Análise: Como troca de presos entre EUA e Rússia aumenta risco de jornalistas virarem moeda de troca geopolítica
Repórter que cobria Casa Branca demitida
A principal vítima das medidas disciplinares até o momento parece ser Jennifer Jacobs, repórter da Bloomberg credenciada para cobrir a Casa Branca, ponto alto na carreira de jornalistas políticos.
Embora não tenha havido confirmação oficial de sua demissão, a mídia americana relatou que ela não estaria mais na Bloomberg.
Jacobs escreveu um texto no Twitter/X sem se referir ao seu status profissional e dividindo a responsabilidade com os editores e colegas.
“Ao relatar a libertação de Evan, trabalhei lado a lado com meus editores para aderir aos padrões e diretrizes editoriais. Em nenhum momento fiz nada que fosse conscientemente inconsistente com o embargo ou que colocasse qualquer pessoa envolvida em risco.
Os repórteres não têm a palavra final sobre quando uma matéria é publicada ou com qual manchete.”
A Bloomberg não informou sobre os outros envolvidos em medidas disciplinares e quais foram elas.