Milão – Mens sana in corpore sano (mente sã em corpo são”), uma citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal, vem se tornando um bandeira da classe jornalistica.

A insegurança no ambiente de trabalho é um tema que não é restrito às redações, e com certeza, acaba impactando a saúde mental dos jornalistas.

Estresse, depressão, ataques de pânico e insônia são alguns dos transtornos reportados em uma pesquisa intitulada “Como você se sente?”, conduzida por Alice Facchini, da IrpiMedia, uma revista independente de jornalismo investigativo italiano, em dezembro passado.

Foram entrevistados 588 jornalistas freelancers e autônomos de toda a Itália.

“Não é de estranhar que a precariedade traga como consequência ansiedade, distúrbios mentais e baixa autoestima”, confirma Alice Facchini, autora do pesquisa.

O ato de reportar aos superiores e colegas o próprio estado emocional é visto como fraqueza e imaturidade. Muitos preferem sofrer em silêncio a colocar em risco a posição, mesmo que precária, completa ela.

Pesquisa sobre Saúde Mental perguntou aos freelancers na Itália: “Como você se sente?”

  • 87% dos jornalistas freelancers afirmaram estar sob estresse
  • 73% relataram ansiedade
  • 68% disseram sentir sensação de inadequação
  • 62% acreditam que seria útil ter acesso a um tratamento psicológico
  • Mais da metade disse conviver com a insônia
  • 50% gostariam de participar de grupos de ajuda mútua.
  • Um em cada dois relatou solidão e a sensação de não ser compreendido
  • 42% afirmaram sofrer de síndrome de burnout, ter ataques de raiva e serem viciados em internet e redes sociais
  • Um em cada três falaram explicitamente sobre “depressão”
  • 28% relataram perda de apetite ou abuso alimentar
  • 27% disseram ter ataques de pânico
  • 26% relataram dificuldade em iniciar e manter relacionamentos
  • 15% afirmaram ter experimentado transtorno de estresse pós-traumático
  • Apenas 2% afirmaram nunca ter vivido nenhum destes problemas

Matto, drogato, folle

A associação romana Mens Sana, que reúne psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, recomenda que a mídia escolha melhor os termos ligados à saúde mental para reduzir o estigma, e que o foco seja o indivíduo.

O psiquiatra Marco Paolemili explica que é mais adequado dizer que uma pessoa sofre de esquizofrenia do que classificá-la de esquizofrênica.

Há diversos tipos de patologias, e quando possível, é melhor escrever sobre o diagnóstico e não o distúrbio: ‘João foi diagnosticado com transtorno bipolar’ e não “João tem um problema mental”, orienta.

O importante é não utilizar linguagem pejorativa como louco, doido e até drogado (matto, folle e drogato) e evitar palavras como sofrimento e vítima (sofferenza e vittima).

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