Londres – Quem deixou redações para trabalhar em empresas ou optou diretamente pela carreira em comunicação organizacional para fugir do estresse do jornalismo pode ter trocado seis por meia dúzia.

É o que sugere uma pesquisa feita pelo Chartered Institute of Public Relations (CIPR) e pela Public Relations and Communications Association (PRCA) do Reino Unido.

A Auditoria de Bem-Estar Mental no Local de Trabalho 2023/2024, divulgada em maio, revelou que um terço dos profissionais de relações públicas entrevistados são atualmente diagnosticados com um problema de saúde mental.

“Não devemos aceitar que o estresse tenha o direito de ser parte integrante da cultura de relações públicas”, afirmou o CEO da PRCA, James Hewes, a respeito do resultado da pesquisa.

A auditoria também constatou que 91% dos profissionais de RP tiveram problemas emocionais em algum momento do ano passado, com 58% citando a carga de trabalho como um fator significativo.

A taxa foi superior à da média dos trabalhadores britânicos, dos quais 63% disseram ter tido problemas emocionais em 2023.

O trabalho remoto despontou como elemento positivo para quem trabalha em relações públicas: 60% dos entrevistados disseram que ele proporcionou melhoria em seu estado emocional, e 81% relataram equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional.

Além desse equilíbrio, no Reino Unido há um benefício econômico, que contribui para o bem-estar.

Muitos executivos deixaram a vida cara de Londres durante a pandemia para morar em cidades menores, porém facilmente acessíveis por transporte público.

Nesses locais o custo de vida é menor e familias conseguem morar em casas amplas, contando com escolas de qualidade para os filhos e sem precisar passar horas em trânsito para chegar ao escritório nos dias de trabalho presencial, como nas grandes cidades do Brasil.

O estresse na comunicação corporativa em números

  • 29% avaliam seus níveis de estresse na faixa de 8 a 10 (sendo 10 extremamente estressante)
  • 58% citaram a carga de trabalho como “esmagadora” e principal fonte de estresse
  • 22% tiraram folga quando apresentaram problemas de saúde mental, em comparação à média de 41% dos trabalhadores do país que o fizeram
  • 51% não tiraram folga por não achar o problema severo o suficiente para justificar afastamento
  • 50% não falaram a ninguém sobre o problema

“A mudança para o trabalho flexível tem sido um passo na direção certa. Mas devemos continuar a explorar formas de otimizar os ambientes domésticos e de escritório para promover o bem-estar mental”, afirma Alastair McCapra, CEO do Chartered Institute of Public Relations.

Mensagens 24×7, peso para os RPs

Assim como nos anos anteriores em que a pesquisa foi realizada,, a carga de trabalho continua a ser a principal causa de estresse entre os RPs britânicos, bem como uma das principais razões apontadas pelos profissionais como barreira para tirar licença para tratar da saúde mental.

A novidade é que pela primeira vez o estresse provocado pelas mensagens figurara na pesquisa como um fator relevante para o esgotamento.

Segundo o estudo, a razão provável é o efeito combinado do aumento da carga de trabalho e do trabalho híbrido, normalizando o acesso a mensagens profissionais pelos dispositivos pessoais a qualquer hora e a qualquer dia. 

Embora isso incremente a produtividade, também pode limitar a capacidade de manter um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional e deve ser sempre considerado uma opção e não um requisito, recomenda a pesquisa.

*A pesquisa completa pode ser vista aqui.

Logomarca Reportagem Especial sobre Saúde Mental, Comunicação e Mídia

 

Reportagem Especial MediaTalks – Comunicação, Imprensa, Redes Sociais e a crise da Saúde Mental