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Documentário da BBC revela acusações de abuso e estupro contra Mohamed al-Fayed, ‘ex-sogro’ da princesa Diana

Mohamed al-Fayed acusado de abuso sexual

Mohamed al-Fayed tinha o hábito de circular pela Harrods, loja de sua propriedade, para identificar jovens funcionárias que o interessavam (Foto: screenshot BBC)

Londres – Um novo documentário da BBC exibido nesta quinta-feira (19) trouxe à tona graves denúncias de abuso sexual e estupro contra Mohamed Al Fayed, pai de Dodi Al Fayed, namorado da princesa Diana que morreu junto com ela em uma acidente de automóvel em Paris, em 1997.

Nos 90 minutos do programa “Al-Fayed: Predator at Harrods”, mais de 20 mulheres acusam o bilionário que morreu em 2023, de abuso sexual enquanto trabalhavam em sua luxuosa loja de departamentos Harrods, em Londres. Ex-gerentes e seguranças traçam um retrato bem diferente da figura excêntrica retratada na série The Crown. 

Depois da exibição, outros casos foram relatados por mulheres que estavam em silêncio desde então. A Harrods, vendida pelo empresário em 2010, emitiu um comunicado tentando se dissociar do caso, embora o programa aponte que muitos sabiam do que ocorria. 

Nascido no Egito, Mohamed Al Fayed morreu no ano passado aos  94 anos, deixando para trás uma história de vida controversa, que nos últimos anos foi marcada pela defesa da tese de que Diana e Dodi haviam sido mortos em Paris em um complô dos serviços secretos britânicos junto com a família real.

Ele se tornou conhecido não apenas por sua fortuna, mas também por suas desavenças com a família real. Na série “The Crown”, ele é retratado sendo esnobado pela realeza, refletindo sua marginalização nas esferas sociais mais altas do Reino Unido.

Além disso, Al Fayed nunca conseguiu a cidadania britânica, o que contribuiu para sua imagem de outsider.

Mas o que o documentário revela é uma face mais sombria de sua vida, diferente do estilo afável e excêntrico que a série mostrou.  

Mohamed Al Fayed accused of multiple rapes by ex-Harrods staff | BBC News

Mohamed Al Fayed já havia enfrentado acusações de agressão sexual durante sua vida, mas o programa da BBC apresentou novas denúncias e mais vítimas que falaram sobre suas histórias.

Segundo a investigação, o empresário circulava frequentemente pelos departamentos da loja para identificar mulheres que o interessavam, atraindo-as para encontros usando seu poder e a estrutura da empresa. 

O documentário da BBC reuniu evidências das alegações das mais de 20 mulheres, que relataram abusos cometidos não apenas em Londres, mas também em Paris, St. Tropez e Abu Dhabi. 

Algumas das mulheres renunciaram, ou renunciaram parcialmente, ao direito ao anonimato para serem filmadas – e a BBC não usou sobrenomes. Outras preferiram ficar anônimas. 

Entre as denúncias, cinco ex-funcionárias afirmam ter sido estupradas por Al Fayed, que controlou a Harrods entre 1985 e 2010.

Uma das vítimas, que relatou ter sido violentada em um apartamento do empresário em uma área luxuosa de Londres quando ainda era adolescente, descreveu o ex-patrão como “um monstro, um predador sexual sem nenhum senso moral”.

Ela afirmou que os funcionários da loja eram tratados como “brinquedos” e viviam sob uma atmosfera de medo constante.

“Se ele dissesse ‘pule’, os empregados perguntavam ‘de que altura?'”, contou a vítima.

A posição da Harrods após denúncias de abuso e estupro contra Mohamed al-Fayed

Mohamed Al Fayed vendeu a Harrods em 2010, após comandar a loja de departamentos icônica por 26 anos. O negócio foi adquirido pelo fundo da família real do Catar por supostamente £ 1,5 bilhão.

Em um comunicado reproduzido no programa da BBC, a Harrods disse que os casos foram ações de um indivíduo “com a intenção de abusar de seu poder”, condenando-as “nos termos mais fortes”.

“A Harrods de hoje é uma organização muito diferente daquela controlada por Al Fayed entre 1985 e 2010, buscando colocar o bem-estar de nossos funcionários no centro de tudo o que fazemos”, diz a nota. 

No entanto, a reputação da loja fica arranhada, já que o programa descreve a participação de gestores e práticas como a vigilância de conversas telefônicas. 

Tony Leeming, um ex-gerente de departamento da Harrods, que trabalhou na loja entre 1994 e 2004, contou à BBC que tinha conhecimento do abuso de mulheres, e que isso não era nenhum segredo, mas afirma desconhecer casos mais sérios de agressão ou estupro.

Outro ex-funcionário, Eamon Coyle, que foi vice-diretor de segurança, confirmou que todos sabiam que Mohamed Al Fayed “tinha um interesse muito forte por garotas jovens”. 

Depois das denúncias terem se tornado públicas, mais ex-funcionárias da Harrods entraram em contato com a BBC dizendo que Mohammed Al Fayed praticou abusos, segundo a rede.

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