Londres – Dois jornalistas do canal de notícias internacional Al-Jazeera estão entre a vida e a morte, feridos por ataques israelenses em Gaza, e um grupo de organizações de defesa da liberdade de imprensa se uniu para convencer o governo de Israel a deixar que saiam da região para receber tratamento médico em outros países.
No dia 7 de outubro, Ali al-Attar, cinegrafista da Al-Jazeera, foi atingido por um bombardeio em Deir al-Balah, no centro de Gaza. No dia seguinte, Fadi Alwahidi, também cinegrafista do canal de notícias de propriedade do governo do Catar, ficou gravemente ferido no campo de Jabalia, no norte de Gaza.
As ONGs Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) e Free Press Unlimited (FPU) dirigiram nesta quarta-feira (16) uma carta aberta ao Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT), unidade do Ministério da Defesa israelense responsável por facilitar a coordenação logística entre Israel e a Faixa de Gaza, instando o país a deixá-los viajar.
Jornalistas feridos sem atendimento adequado
Ali Al-Attar sofreu ferimentos graves, incluindo uma hemorragia cerebral interna.
Ele está atualmente em estado crítico no Hospital Europeu em Gaza e precisa urgentemente de cuidados neurológicos especializados que não estão disponíveis em Gaza, segundo a carta das organizações.
Sua família e a Al-Jazeera estão tentando facilitar sua transferência para uma unidade médica adequada na Jordânia ou no Catar.
Fadi Alwahidi foi gravemente ferido em 9 de outubro. Após o tratamento inicial no Hospital Al-Maamadani, sua condição continua crítica, e ele também precisa urgentemente ser transferido com segurança para uma instalação fora de Gaza para receber cuidados médicos apropriados.
O hospital onde ele está sendo tratado indicou que não pode fornecer o tratamento necessário devido às condições atuais, diz o documento.
“A cada dia que passa, as chances de sobrevivência de Ali al-Attar e Fadi Alwahidi diminuem – suas vidas continuam em perigo por atrasos prolongados na liberação administrativa necessária para sua saída do país”, disse Thibaut Bruttin, Diretor Geral da RSF.
A organização apelou “nos termos mais fortes possíveis” para que as autoridades israelenses concedam imediatamente passagem segura para que eles recebam tratamento médico urgente no exterior.
“Responsabilizaremos totalmente as autoridades israelenses por qualquer coisa que aconteça a esses dois jornalistas”, afirmou Bruttin.
Al Jazeera no alvo de Israel
A rede Al Jazeera tem sido o principal alvo de medidas restritivas por parte de Israel, com escritórios fechados no território israelense e na Cisjordânia.
Além disso, vários profissionais da rede foram mortos em ataques do exército israelense desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
As três organizações afirmam que contatos feitos com as autoridades israelenses não tiveram resposta, e protestam contra o que consideram uma violação de direitos internacionais:
“O dever dos militares israelenses sob o direito humanitário internacional é proteger civis, incluindo jornalistas, e garantir que os feridos recebam assistência médica adequada.
Atacar jornalistas é uma clara violação do direito internacional relacionado a situações de conflito armado.”
A Repórteres Sem Fronteiras já entrou com quatro notificações no Tribunal Penal Internacional, a Corte de Haia, pedindo que ataques contra jornalistas pelo exército de Israel que resultaram em mortes sejam investigados como crimes de guerra.
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