Há décadas os cientistas alertam sobre os riscos das mudanças climáticas, mas a ciência ainda não conseguiu convencer a todos sobre a necessidade de ação, o que torna fundamental o papel da cultura.
Teatro, música, cinema, artes plásticas, moda, novela, literatura, poesia ou rap são veículos importantes para endereçar a crise ambiental e despertar a emoção de quem consome cultura. E não estamos falando de arte panfletária.
O ativismo ambiental pode ser subliminar, em uma exposição, uma poesia, um personagem de ficção, levando a pensar, agir e a cobrar ações.
Imprensa deve falar mais sobre clima
Dar o protagonismo para quem está na linha de frente, como os povos indígenas e as comunidades vulneráveis do sul Global, é também parte do compromisso de conscientização sobre as injustiças climáticas, pois nem todos são afetados pela crise igualmente.
Acredito que a imprensa ainda não dedica espaço necessário para uma cobertura da importância que o tema merece. Precisamos falar sobre o assunto não apenas uma vez por ano durante a COP, mas todos os dias.
E creio também que a mudança de uma narrativa apocalíptica para um tom mais otimista (“ainda há tempo para salvar o planeta”) seja o caminho para gerar mais engajamento, especialmente das mulheres e dos mais jovens, principais afetados pela ansiedade climática.
Minha esperança é que o jornalismo e as empresas absorvam o conceito de que o setor cultural é um importante aliado nessa caminhada.
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Cultura aliada dos cientistas para gerar ação climática
Os cientistas precisam do poder da arte e das manifestações culturais para gerar mudanças coletivas e individuais, influenciar políticas públicas e pressionar para que governos e empresas se comprometam com a redução de emissão de poluentes.
Mas como abraçar essa ideia? A imprensa tem papel fundamental na formação da opinião pública, cobrindo e divulgando expressões artísticas climáticas.
Já as empresas que têm recursos devem apostar no financiamento de manifestações artísticas, facilitando exposições, festivais de cinema, produção de filmes, realidade virtual, livros, workshops e atividades com o público que deem visibilidade à emergência climática.
Esse compromisso deve ir além de instalar painéis solares em museus. É vital o apoio que viabilize o uso da arte como ferramenta de transformação de mentes.
Este artigo faz parte de um relatório especial analisando as repercussões da COP28, jornalismo ambiental, ativismo e percepções da sociedade sobre as mudanças climáticas
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