Londres – Em mais um ato de restrição ao jornalismo independente no Afeganistão, o Ministério da Informação e Cultura do governo Talibã emitiu uma ordem verbal aos executivos de empresas de mídia proibindo por tempo indeterminado a exibição de programas políticos.
A informação sobre a ordem transmitida no dia 13 de fevereiro foi revelada pela rede Afghanistan International, baseada em Londres, e confirmada pelo Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) com dois profissionais locais que não quiseram se identificar por motivos de segurança.
Eles informaram ao CPJ que de acordo com as novas normas, a mídia só poderá abordar questões políticas e econômicas por meio dos porta-vozes do grupo.
A organização de defesa da liberdade de imprensa divulgou uma nota cobrando do governo liderado pelo Talibã que reverta a proibição.
“O Talibã deve permitir que a mídia afegã opere de forma independente”, disse o Coordenador do CPJ para a Ásia, Beh Lih Yi.
“Este último movimento para censurar a a discussão, a reportagem e o debate de questões políticas e econômicas é mais uma medida repressiva extrema do Talibã para desmantelar totalmente a mídia independente do Afeganistão”, completou ele.
Segundo o CPJ, em setembro, o Talibã proibiu programas políticos ao vivo e ordenou que os jornalistas obtivessem sua aprovação antes de transmitir programas pré-gravados, apresentando tópicos e participantes pré-aprovados.
A rede Afghanistan Internacional citou relatórios do Centro de Jornalistas do Afeganistão apontando que nos três anos e meio de governo do Talibã, o grupo emitiu 23 diretrizes restringindo atividades da mídia, impactando severamente jornalistas e organizações de notícias.
O Afeganistão, que voltou ao domínio do Talibã em 2021, ocupa o 152º lugar entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2023 da ONG Repórteres Sem Fronteiras.
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