Titãs do universo tecnológico contemporâneo e chefões das Big Techs que moldam a opinião de milhões de americanos, Elon Musk e Mark Zuckerberg têm chamado atenção recentemente não apenas por seus feitos empresariais, mas também pela aliança com o presidente Donald Trump.
Essa proximidade intensifica o debate sobre o poder e a influência das plataformas digitais na sociedade.
Mas como a opinião pública americana enxerga esses líderes tecnológicos, especialmente à luz de sua crescente influência no cenário político? Uma nova pesquisa do Pew Research Center busca responder a essa questão.
Musk e Zuckerberg sob o olhar do público na era Trump
As entrevistas foram feitas entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro, quando Donald Trump já estava no poder.
Poucos americanos não estão familiarizados com nenhum desses líderes de tecnologia. Menos de um em cada dez diz que nunca ouviu falar de Musk (3%) ou Zuckerberg (6%).
Pesquisas anteriores do Pew revelaram que os americanos sentem em grande parte que as empresas de mídia social têm muito poder na política americana.
De acordo com o levantamento, 54% dos adultos americanos expressam uma visão desfavorável de Elon Musk, dono do X, enquanto 42% o enxergam de forma positiva.
A polarização partidária é evidente: entre os republicanos, Musk desfruta de grande aprovação (73%). Mas entre os democratas, apenas 12% têm uma visão favorável sobre ele.

Além disso, os jovens adultos são mais críticos, com 67% dos entrevistados abaixo dos 30 anos demonstrando desaprovação.
Já Mark Zuckerberg, CEO da Meta, enfrenta uma situação ainda mais delicada: dois terços dos americanos (66%) têm uma visão desfavorável do chefão do WhatsApp, Instagram e Facebook.
Diferentemente de Musk, a desaprovação a Zuckerberg não é tão polarizada. Tanto democratas quanto republicanos demonstram opiniões majoritariamente negativas, embora os democratas tenham uma leve tendência a vê-lo de forma ainda mais crítica.
Assim como no caso de Musk, os mais jovens também são os mais propensos a rejeitá-lo.
Zuckerberg e Musk não são os únicos a terem se aproximado de Trump. Jeff Bezos, fundador da Amazon e dono do Washington Post, tem sido alvo de críticas pela interferência editorial no jornal, mas a pesquisa do Pew não avaliou como esses movimentos têm afetado a imagem dele.
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Poder e influência das Big Techs
De modo geral, segundo o Pew Research Center, a imagem negativa de Musk e Zuckerberg decorre de diversos fatores, incluindo preocupações com privacidade de dados, propagação de notícias falsas e o poder excessivo das empresas de tecnologia na sociedade.
A polarização política, no entanto, intensifica as percepções negativas sobre Musk, enquanto Zuckerberg parece mais vulnerável devido ao seu papel na disseminação de desinformação online.
No comando da Meta, Zuckerberg lida constantemente com controvérsias, como a recente decisão de encerrar a verificação de fatos em suas plataformas.
As decisões desses executivos determinam a forma como os americanos − e pessoas de grande parte do mundo − se comunicam, se informam e fazem negócios. Mas a reputação pessoal parece cada vez mais ter se transformado em uma preocupação secundária para ambos.
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No passado, tanto Musk quanto Zuckerberg expressavam apoio ao Partido Democrata e a muitas de suas pautas, sobretudo a ambiental.
Durante a campanha eleitoral de 2024, o CEO da Meta chegou a ser ameaçado de “prisão pelo resto da vida” por Donald Trump caso prejudicasse sua tentativa de voltar à presidência, um ódio que veio da decisão de suspender a conta do então ex-presidente após a invasão do Capitólio, em 2021.
No entanto, com o resultado tudo mudou. Os dois se encontraram e Zuckerberg foi um dos grandes doadores para a festa de posse do novo presidente.
A aproximação com Trump traz grandes dividendos, sobretudo para Musk, apontado por muitos como quem realmente manda na Casa Branca em seu papel de chefiar a redução de custos, burocracia e pessoal na administração pública, e também influenciando Trump em outros temas.
Mas há um aspecto especialmente importante que diz respeito ao futuro das plataformas digitais: o fantasma da regulação das Big Techs dificilmente assombrará os mais novos amigos de infância do presidente americano em seu mercado mais importante ou em qualquer outro país que possa ser ameaçado com retaliações.
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