O Tribunal Distrital do Sul de Nova York condenou nesta quinta-feira dois cidadãos iranianos, Rafat Amirov e Polad Omarov, por um plano de assassinato da jornalista e ativista Masih Alinejad, iraniana-americana exilada nos EUA desde 2009.
O julgamento, concluído em 20 de março de 2025, resultou na condenação de ambos por conspiração para assassinato e tentativa de assassinato em apoio a atividades de extorsão. A sentença será anunciada em 17 de setembro de 2025, e os dois permanecem sob custódia até lá.
O plano, financiado pelo governo iraniano, foi descoberto em julho de 2022, quando Khalid Mehdiyev, um cúmplice contratado para executar o crime, foi preso em Nova York.
Mehdiyev foi encontrado com um rifle AK-47, munição e uma máscara de esqui em seu carro, próximo à casa de Alinejad.
Ele havia passado dias monitorando a residência da ativista e enviando vídeos e fotos para os conspiradores.
A intervenção das autoridades impediu que o plano fosse colocado em prática, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
Quem é a jornalista Masih Alinejad, alvo de plano de assassinato?
Masih Alinejad é uma jornalista e ativista de direitos humanos nascida no Irã, conhecida por sua luta contra as leis de vestimenta obrigatória no país.
Ela fundou o movimento “My Stealthy Freedom”, que encoraja mulheres iranianas a desafiarem as regras do hijab obrigatório.
Alinejad se mudou para os EUA em 2009, após ser proibida de cobrir as eleições presidenciais iranianas e ver o jornal onde trabalhava ser fechado pelo regime iraniano.
A jornalista buscou refúgio em solo americano para escapar da repressão e continuar seu trabalho, longe do controle do governo iraniano.
Desde então, ela tem usado suas plataforma de mídia social para defender os direitos humanos e denunciar as violações cometidas pelo regime, tornando-se alvo de múltiplas ameaças, incluindo tentativas de sequestro e assassinato como a que resultou na condenação dos dois homens.
Apesar dos riscos, ela continua sua luta por direitos humanos e igualdade, sendo reconhecida internacionalmente por seu trabalho.
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Jornalista iraniana celebrou vitória
Masih Alinejad comemorou o veredito pelas redes sociais, mas cobrou responsabilização do governo de seu país.
“Estou aliviada que, após quase três anos, tendo que me mudar mais de 20 vezes para casas sob proteção, os homens contratados pela República Islâmica para me matar em solo americano foram considerados culpados.
Mas não se enganem: os verdadeiros mentores deste crime ainda estão no poder no Irã. Estou esperando pelo dia em que Ali Khamenei e seus Guardas Revolucionários terroristas enfrentem a justiça. Eles devem ser punidos.”
Ela celebrou a derrota de um sistema que tenta silenciar críticos com violência, prometendo continuar lutando até que todos os criminosos sejam punidos e seu povo recupere a liberdade.
A jornalista também alertou sobre os riscos à segurança nacional dos EUA, pedindo ação contra o regime iraniano.
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Ataques contra jornalistas iranianos nos EUA e no Reino Unido
O julgamento que resultou em dois homens condenados pela tentativa de assassinato de uma jornalista em solo estrangeiro revela a ameaça aos dissidentes iranianos em vários países.
No Reino Unido, jornalistas iranianos que trabalham para a rede de notícias independente Iran International também têm sido alvo de ataques, e alguns foram obrigados a deixar o país.
Um caso chocante envolveu o esfaqueamento de um jornalista iraniano em Londres, destacando os riscos enfrentados por aqueles que desafiam o regime iraniano, mesmo em países onde se espera maior segurança.
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