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Trump é derrotado em tentativa de fechar Voice of America: juiz manda reintegrar 1,3 mil e liberar verbas

Reprodução de transmissão da Voice of America, emissora pública dos EUA que Donald Trump tentou fechar

Um juiz federal dos EUA impôs mais uma derrota judicial ao governo de Donald Trump em sua batalha conta a imprensa, emitindo uma liminar que reverte a ordem executiva de março que visava desmantelar a Agência de Mídia Global dos EUA (USAGM) e suas afiliadas, incluindo a Voice of America (VoA).

A sentença, anunciada nesta terça-feira (22), ordena a reintegração de mais de 1,3 mil funcionários e profissionais que atuam sob contrato e a restauração do financiamento aprovado pelo Congresso.

O processo havia sido aberto em 21 de março por funcionários da VoA e por organizações como Repórteres Sem Fronteiras (RSF), American Federation of Government Employees (AFGE), American Foreign Service Association (AFSA) e o sindicato de jornalismo  The Newsguild-CWA.

Na sentença, o juiz Royce Lamberth, do Tribunal do Distrito de Columbia, destacou que a missão da Voice of America de fornecer notícias precisas e objetivas globalmente é essencial para combater a propaganda e promover a liberdade de imprensa no mundo. 

Ele afirmou que a dissolução da agência não apenas violaria a Primeira Emenda da Constituição, mas também enfraqueceria a posição dos EUA como defensor da liberdade de expressão no cenário internacional.

Fechada por Trump, Voice of America transmite em 47 idiomas

Fundada em 1942 para combater a propaganda nazista, a VoA é a maior e mais antiga emissora internacional dos EUA, produzindo conteúdo digital, de TV e rádio em 47 idiomas, com audiência estimada de 346 milhões de pessoas. 

Em 15 de março, os funcionários foram colocados em licença administrativa, “violando os direitos dos jornalistas e as funções legalmente exigidas da USAGM”, segundo a  Repórteres Sem Fronteiras. 

A demissão em massa de jornalistas resultante da dissolução da USAGM provocou a interrupção de transmissões vitais em regiões onde a desinformação é predominante.

O juiz Lamberth salientou ainda que as demissões colocaram alguns correspondentes estrangeiros em risco de serem deportados para os seus países de origem, onde podem ser alvo de perseguições. 

E avaliou que a ordem executiva de fechamento da Voice of America não levou em conta os danos infligidos a funcionários, prestadores de serviço, jornalistas e público da agência em todo o mundo, classificando-a de “arbitrária e fruto de capricho”. 

Radio Free Europe também teve decisão judicial favorável

Financiada pelo Congresso dos EUA, a VOA sempre operou sob a supervisão da U.S. Agency for Global Media (USAGM), com independência editorial assegurada por lei. 

A ordem de fechamento da USAGM, emitida no dia 14 de março, atingiu também a Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), a Radio Free Asia (RFA) e a Radio Matí, de Cuba, entre outras. 

Mas a Radio Free Europe também conseguiu uma liminar favorável determinando a liberação de recursos. 

A administração Trump teve ainda outra decisão judicial desfavorável no processo movido pela Associated Press contra a proibição de seus profissionais cobrirem eventos para a imprensa promovidos pela Casa Branca. 

Um juiz determinou que os profissionais sejam admitidos até o julgamento do mérito da causa. 

Justificativas de Trump e Elon Musk para o fechamento

Donald Trump justifica a tentativa de fechamento da USAGM como parte de um esforço para reduzir o que ele chamou de “propaganda antiamericana” financiada pelos contribuintes.

Ele descreveu a VOA como a “Voz da América Radical” e afirmou que a medida fazia parte de uma iniciativa para tornar o governo mais eficiente.

Elon Musk, líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), apoiou a decisão, chamando a Voice of America de “um grupo de pessoas radicais de esquerda queimando dinheiro dos contribuintes”.

Musk também criticou o financiamento público de mídias como a VOA, alegando que era um uso ineficiente de recursos.

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