Londres – O jornalista sueco Joakim Medin, que estava preso na Turquia desde 27 de março sob acusações de insulto ao presidente Recep Tayyip Erdogan. foi libertado após 51 dias de detenção. A prisão ocorreu quando ele desembarcou em Istambul para cobrir manifestações políticas.

Medin é correspondente do jornal independente Dagens ETC. Além da condenação por ofensa, com pena suspensa, ele ainda responde a acusações de envolvimento com protestos ligados ao grupo PKK, classificado como terrorista pelo governo turco.

Ele saiu da cadeia na sexta-feira (16) e desembarcou na Suécia neste sábado, após pressão diplomática do governo sueco e de organizações internacionais que denunciaram o caso como violação da liberdade de imprensa.

Governo sueco celebra retorno 

O retorno de Medin à Suécia foi celebrado por autoridades. O primeiro-ministro Ulf Kristersson escreveu no X:

“O trabalho em silêncio valeu a pena. Bem-vindo de volta, Joakim”.

A ministra das Relações Exteriores, Maria Malmer Stenergard, declarou que nenhuma concessão política foi feita. Segundo ela, o retorno do jornalista foi uma prioridade humanitária.

O editor-chefe do Dagens ETC reforçou que Medin agiu como jornalista e foi alvo de um processo injusto. A redação defende a retirada de todas as acusações ainda pendentes.

Caso do jornalista preso por governo Erdogan repercute internacionalmente

Durante o período de detenção, Medin ficou em confinamento solitário na prisão de segurança máxima de Mármara.

O jornalista preso por acusação de insulto a Erdogan relatou que não sofreu agressões físicas, mas o isolamento teve forte impacto psicológico.

A Repórteres Sem Fronteiras e a PEN International denunciaram o caso como tentativa de intimidação à imprensa internacional. Ambas destacaram o uso da legislação turca contra vozes críticas ao regime.

O julgamento que condenou Medin por “insulto ao presidente” resultou em pena suspensa. No entanto, ele permaneceu preso por acusações mais graves, relacionadas a terrorismo.

Jornalista preso na Turquia nega ligação com protesto

O segundo processo envolve um protesto realizado em Estocolmo em 2023. Nele, ativistas penduraram um boneco representando Erdogan de cabeça para baixo. O governo turco liga o ato ao PKK.

Joakim Medin afirma que não participou do protesto e estava na Alemanha no período. Para sua defesa, a acusação é politicamente motivada e parte de uma estratégia para intimidar repórteres estrangeiros.

O segundo julgamento está previsto para setembro. Se condenado, o jornalista pode receber pena de até 12 anos de prisão. 

Histórico profissional reforça relevância do jornalista sueco 

Correspondente especial do jornal Dagens ETC, Medin iniciou sua trajetória jornalística em 2009, quando presenciou um golpe militar em Honduras durante uma viagem à América Latina.

Na ocasião, ele abandonou sua carreira de professor de história e educação cívica e passou a atuar como fotógrafo para um jornalista americano. 

Desde então, consolidou sua carreira com diversas publicações e reconhecimento por sua dedicação em campo, sendo descrito por colegas como um repórter incansável, comprometido com a apuração rigorosa e com a missão de dar voz aos silenciados.

Ao longo de 15 anos de carreira, Joakim Medin publicou livros que tratam de temas sensíveis como a autonomia curda na Síria, o autoritarismo na Hungria e o turismo sexual praticado por cidadãos suecos na Tailândia.