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Trump x Musk: um duelo digital épico entre donos de redes sociais

Donald Trump e Elon Musk, ex-aliados que entraram em briga digital pelas próprias redes sociais

Londres – O mundo presenciou nesta quinta-feira (5)a explosão de uma briga digital de proporções inéditas entre dois dos homens mais influentes da política contemporânea: o presidente dos EUA, Donald Trump, e o homem mais rico do planeta, Elon Musk.

Trocas de acusações entre ex-aliados na mídia não são novidade, e a discórdia entre os dois já era esperada desde que Musk deixou o cargo de corte de despesas governamentais, no dia 28 de maio, passando a se manifestar contra atos da administração Trump. 

Mas o novo na guerra aberta que eclodiu ontem é o fato de que ambos são donos de suas próprias redes sociais — o que lhes dá o poder de controlar o discurso e mobilizar seus seguidores de forma direta.

O controle das plataformas digitais — Truth Social, de Trump, e X (antigo Twitter), de Musk — representa uma mudança radical na forma como as disputas políticas são travadas, já que cada um está com liberdade para moldar narrativas sem temer as amarras da moderação das plataformas.  

Acusações e ataques pessoais: a escalada da briga digital Trump Musk

A briga digital entre Trump Musk começou a se desenhar quando Elon Musk criticou duramente um megaprojeto de gastos apresentado por Trump ao Congresso, classificando-o como uma “abominação repugnante”.

Trump reagiu ameaçando cortar subsídios e contratos governamentais com empresas de Musk, incluindo a Tesla e a SpaceX.

 

Musk não deixou barato e insinuou que Trump estaria envolvido em escândalos relacionados a Jeffrey Epstein,  que morreu por suicídio na prisão após condenações por crimes sexuais, elevando ainda mais a tensão entre eles.

A troca de farpas não parou por aí. Trump, conhecido por seu estilo combativo, publicou em letras maiúsculas que Musk tinha ficado “MALUCO” depois de ter seus interesses comerciais contrariados no pacote de medidas.

Por sua vez, Musk respondeu a uma postagem sugerindo que Trump deveria sofrer impeachment, afirmando que “isso é necessário”.

Além disso, Musk voltou a mencionar que Trump estaria nos arquivos de Epstein, dizendo:

“@realDonaldTrump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT!”.

O bilionário compartilhou vídeos postados por outros usuários mostrando o atual presidente dos EUA em festas promovidas por Epstein, rodeado de mulheres. 

 

Truth Social: o palco digital de Trump na guerra com Musk

Trump era um usuário ativo da plataforma hoje controlada por Musk durante seu mandato.

Ele ficou conhecido por “governar pelo Twitter”, usando a rede para anunciar medidas governamentais e atacar adversários, incluindo jornalistas que o criticavam. 

Mas após a invasão do Capitólio ele foi banido das principais redes, incluindo o então Twitter. Ele criou então a Truth Social como alternativa às plataformas tradicionais, onde alegava sofrer censura.

Lançada em fevereiro de 2022 pela Trump Media & Technology Group, a Truth Social soma cerca de 6,3 milhões de usuários ativos, segundo dados divulgados pela própria rede. 

A plataforma não ganhou tração fora dos círculos ligados a Trump. Ela virou o principal canal para seus apoiadores e discursos alinhados à sua visão política, e para suas próprias manifestações. 

Nesse contexto, a Truth Social se tornou uma peça-chave na briga digital com Musk, funcionando como o palanque pessoal de Trump e para divulgação de atos oficiais do governo. 

X (antigo Twitter): a arena de Musk na briga digital com Trump  

Do outro lado, está a rede social adquirida por Musk em outubro de 2022 por US$ 44 bilhões — em meio a polêmicas que fizeram muitos apostarem que ela não sobreviveria.

A antiga plataforma Twitter, rebatizada de X, conta hoje com aproximadamente 550 milhões de usuários ativos mensais, conforme dados divulgados pela plataforma. 

Graças ao empenho de Musk em mantê-la relevante — muitas vezes com polêmicas e provocações — a rede continua influente na política, mais do que outras concorrentes.

Musk implementou mudanças na moderação de conteúdo, tornando a plataforma mais aberta a discursos polêmicos e debates políticos intensos. Um de seus primeiros atos foi restaurar contas de personalidades banidas, incluindo a de Donald Trump.

Com 220 milhões de seguidores em sua conta, Musk se destaca por postagens provocativas que alimentam debates, provocam boicotes e migrações de usuários para outras plataformas.

Entretanto, apesar do crescimento de concorrentes como Threads (275 milhões de usuários ativos) e Bluesky (20 milhões), o X permanece como uma das principais arenas de influência política, sobretudo nos EUA. 

Musk fora da política? 

A briga digital entre Trump e Musk via X e Truth Social é mais um exemplo dessa influência — e mostra como as redes próprias dos dois ex-amigos se tornaram palcos centrais na disputa política contemporânea.

E para quem achou que Musk se afastaria da política para cuidar de suas empresas, como ele disse que faria, a postagem fixada no topo de seu perfil indica que ele não pretende ficar fora dos debates e de influenciar os rumos dos EUA: uma enquete propondo a criação de um novo partido político nos EUA. 

 

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