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Musk pede desculpas por chatbot de IA do X que postou respostas antissemitas e elogiou Hitler

Elon Musk lançou o Grok, chatbot de IA que utiliza humor nas respostas

Elon Musk lançou o chatbot de IA Grok / Foto de Musk de Tumisu/Pixabay

  • O Grok, chatbot de IA criado por Elon Musk para interagir com usuários do X, gerou respostas elogiando Hitler e promovendo conteúdo antissemita na plataforma, levando o empresário a pedir desculpas. 
  • A crise resultou em condenação internacional e pode ter contribuído para a renúncia da CEO da rede social.

Um dia após o Grok, chatbot de inteligência artificial desenvolvido pela xAI, publicar respostas que elogiavam Adolf Hitler e disseminavam conteúdo antissemita na plataforma X (antigo Twitter), a empresa se desculpou publicamente e anunciou mudanças urgentes em sua estrutura.

Empresa de Musk admite falha e pede desculpas por respostas antissemitas

O incidente que virou mais uma crise nos negócios de Elon Musk aconteceu no dia 8 de julho e durou cerca de 16 horas, gerando indignação internacional.

No dia seguinte, a CEO do X, Linda Yaccarino, renunciou.

Em postagem no X, antigo Twitter, xAI afirmou que o problema foi causado por uma atualização defeituosa no código que alimenta o sistema, que tornou o Grok vulnerável à influência de conteúdos extremistas publicados por usuários da própria plataforma.

No sábado (12), o perfil oficial do Grok – que ao ser lançado foi apresentado pelo empresário como “malcriado”, publicou uma mensagem dizendo:

“Pedimos desculpas profundamente pelo comportamento horrível que muitos experimentaram.”

A empresa deixou claro que não se tratava de uma falha no modelo de linguagem que sustenta o chatbot, mas sim das instruções mal formuladas que o tornavam excessivamente complacente com postagens ofensivas.

Entre essas instruções estavam frases como “você diz as coisas como elas são e não tem medo de ofender pessoas politicamente corretas”, além de comandos que estimulavam o Grok a refletir o tom dos posts originais sem fazer qualquer filtragem ética ou histórica.

Elon Musk, fundador da xAI e proprietário da X, repostou a retratação em seu próprio perfil e comentou que “Grok estava muito ansioso para agradar e ser manipulado. Isso está sendo corrigido.”

 

Reações e censura internacional

A repercussão internacional foi imediata. A Anti-Defamation League (ADL) condenou os posts do Grok como “irresponsáveis, perigosos e antissemitas, simples e direto”, alertando que esse tipo de retórica extremista amplifica o antissemitismo já crescente na plataforma X.

Já a Turquia, por meio de um tribunal em Ancara, bloqueou o acesso a cerca de 50 postagens do Grok que insultavam o presidente Recep Tayyip Erdoğan, o fundador da república Mustafa Kemal Atatürk e valores religiosos.

O Ministério Público turco abriu uma investigação criminal contra o chatbot, tornando o país o primeiro a impor censura oficial ao Grok.

Musk lança nova versão do Grok

Musk reconheceu que versões anteriores do sistema foram calibradas de forma a seguir comandos humanos de forma literal demais, e que isso acabou abrindo margem para abusos.

Para lidar com o problema, a empresa lançou o Grok 4, uma nova versão do chatbot, com filtros mais rígidos e um sistema de raciocínio revisado.

Musk chegou a afirmar que esse novo modelo é “mais inteligente que quase todos os estudantes de pós-graduação em todas as disciplinas”.

Promessa de transparência sob questionamento

Em resposta às críticas, a xAI prometeu reforçar sua política de transparência e anunciou que o novo prompt de sistema será publicado em repositório público no GitHub.

No entanto, internautas já apontaram que o modelo Grok 4 Heavy, lançado logo após o incidente, não mostra seu prompt de sistema abertamente, o que contraria o discurso de abertura defendido pela empresa.

Saída da CEO agrava instabilidade

O pedido de desculpas e a nova versão do chatbot não foram suficientes para evitar danos externos e internos. No dia 11 de julho — um dia após o incidente antissemita — Linda Yaccarino anunciou sua saída do cargo de CEO da X.

Embora sua declaração oficial não tenha mencionado diretamente o caso do chatbot Grok, fontes internas indicam que o episódio foi decisivo para sua decisão.

Yaccarino havia assumido o comando em 2023 com a missão principal de restaurar os laços comerciais da plataforma com os principais anunciantes, muitos dos quais se afastaram devido ao aumento de conteúdos extremistas, desinformação e discurso de ódio.

O escândalo envolvendo o Grok, que incluiu frases como “MechaHitler” e elogios ao nazismo, teria tornado essa missão praticamente impossível, levando a um colapso de credibilidade diante de marcas parceiras.

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