“Você trabalha bem com a inteligência artificial (IA?)”

À medida que ferramentas como ChatGPT, Copilot e outros sistemas de inteligência artificial (IA) generativa se tornam parte dos fluxos de trabalho diários, mais empresas estão procurando funcionários que possam responder “sim” a essa pergunta.

Em outras palavras, elas procuram pessoas que conseguem criar um bom prompt de IA [o “pedido” feito pelo usuário para gerar as respostas do chatbot] , pensar com a IA e usá-la para aumentar a produtividade.

De fato, em um número crescente de funções, ser “fluente em IA” está rapidamente se tornando tão importante quanto ser proficiente em softwares de escritório já foi.

Mas todos já tivemos aquele momento em que fizemos uma pergunta a um chatbot de IA e recebemos o que pareceu a resposta mais genérica e superficial.

O problema não é a IA: você simplesmente não deu informações suficientes para ela trabalhar.

Pense assim: durante o treinamento, a IA terá “lido” praticamente tudo na internet. Mas, como ela faz previsões, dará a resposta mais provável e comum.

Sem uma orientação específica, é como entrar em um restaurante e pedir “algo bom”. Você provavelmente receberá frango.

Sua solução está em entender que os sistemas de IA são excelentes em se adaptar ao contexto, mas você precisa fornecê-lo. Então, como exatamente se faz isso?

O método CATS para um prompt de IA eficaz

Você deve ter ouvido o termo “engenharia de prompt”. Pode parecer que você precisa criar algum tipo de script técnico para obter resultados.

Mas os chatbots de hoje são ótimos em conversas humanas. O formato do seu prompt de IA não é tão importante. O que importa mais é o conteúdo. 

Para aproveitar ao máximo suas conversas com a IA, é importante transmitir algumas informações básicas sobre o que você quer e como quer. Esta abordagem segue a sigla CATS – contexto, ângulo, tarefa e estilo (style, em inglês).

Contexto significa fornecer o cenário e as informações de fundo de que a IA precisa. Em vez de perguntar “Como faço para escrever uma proposta?”, tente “Sou um diretor de uma organização sem fins lucrativos escrevendo uma proposta de subsídio para uma fundação que financia programas de educação ambiental para escolas urbanas”.

Faça upload de documentos relevantes, explique suas restrições e descreva sua situação específica.

Ângulo (ou atitude) aproveita a força da IA em simulação de papéis e tomada de perspectiva. Em vez de obter uma resposta neutra, especifique a atitude que você deseja.

Por exemplo, “Aja como um revisor crítico e identifique pontos fracos em meu argumento” ou “Assuma a perspectiva de um mentor solidário me ajudando a melhorar este rascunho”.

Tarefa é especificamente o que você quer que a IA faça. “Ajude-me com minha apresentação” é vago. Mas “Dê-me três maneiras de tornar meu slide de abertura mais envolvente para um público de proprietários de pequenas empresas” é mais eficaz.

Estilo aproveita a capacidade da IA de se adaptar a diferentes formatos e públicos. Especifique se você quer um relatório formal, um e-mail casual, bullet points para executivos ou uma explicação adequada para adolescentes.

Diga à IA qual voz você quer usar – por exemplo, um estilo acadêmico formal, técnico, envolvente ou coloquial.

A importância do contexto

Além de criar um bom prompt de IA, claro e eficaz, você também pode se concentrar em gerenciar as informações complementares – ou seja, na “engenharia de contexto”. Engenharia de contexto se refere a tudo o que cerca o prompt.

Isso significa pensar no ambiente e nas informações a que a IA tem acesso: sua função de memória, instruções que antecedem a tarefa, histórico de conversas anteriores, documentos que você carregue ou exemplos de como deve ser uma boa saída.

Você deve pensar na criação de prompts como uma conversa. Se não ficar satisfeito com a primeira resposta, peça mais, solicite alterações ou forneça informações mais claras.

Não espere que a IA dê uma resposta pronta. Em vez disso, use-a para estimular seu próprio pensamento.

Caso perceba que a IA produziu muito material bom, mas você “travou”, copie as melhores partes para uma nova sessão e peça para ela resumir e continuar a partir dali.

Verificando e refinando seu prompt

Uma palavra de cautela, no entanto. Não se deixe seduzir pelas habilidades de conversação humanas desses chatbots.

Sempre mantenha sua distância profissional e lembre-se de que você é a única parte pensante nessa relação. E sempre verifique a precisão de tudo o que uma IA produz – erros são cada vez mais comuns.

Os sistemas de IA são extremamente capazes, mas precisam de você – e da inteligência humana – para fazer a ponte entre seu vasto conhecimento genérico e sua situação particular.

Dê a eles contexto suficiente para trabalhar, e eles podem surpreendê-lo com o quanto podem ser úteis.


Este artigo foi originalmente publicado no portal acadêmico The Conversation e é republicado aqui sob licença Creative Commons.