Mais de 260 jornalistas e organizações de imprensa internacionais assinaram uma petição intitulada Freedom To Report, exigindo acesso imediato e irrestrito à Faixa de Gaza, já que desde o início do conflito, há quase dois anos, a entrada segue bloqueada por Israel e pelo Hamas. 

Liderada pelo premiado fotógrafo de guerra André Liohn, a iniciativa reúne figuras proeminentes como Christiane Amanpour da CNN, Mehdi Hasan da MSNBC, Clarissa Ward, da CNN, e entidades como Repórteres Sem Fronteiras, Committee to Protect Journalists e a Associação de Jornalistas Europeus.

Desde o início da guerra entre Israel e Hamas em 2023, a cobertura internacional depende quase exclusivamente de profissionais palestinos locais que trabalham sob riscos extremos, resultando na morte de cerca de 200 deles — a maioria palestina — o que torna esse o conflito mais letal para a imprensa já registrado.

Jornalistas bloqueados em Gaza alertam para apagão informativo

A carta aberta alerta para os perigos de um apagão informativo e afirma que, ao negar o acesso à imprensa, Israel e Hamas estão comprometendo não só a transparência do conflito, mas também os pilares da liberdade de expressão global.

Um dos trechos diz:

“Autoritarismo floresce quando o mundo desvia o olhar. Quanto mais Gaza permanecer isolada, mais os apagões de imprensa se tornarão norma global. Isso não é ativismo — é jornalismo, e é urgente.”

A menção aos jornalistas bloqueados em Gaza reforça a denúncia de que a restrição à entrada de profissionais internacionais impede uma cobertura ampla e compromete a responsabilização por eventuais abusos cometidos durante o conflito.

Petição global denuncia restrições e exige respeito às leis internacionais

A petição também demanda respeito ao status protegido dos jornalistas conforme as Convenções de Genebra, e promete que, caso os apelos sejam ignorados, os profissionais tentarão entrar em Gaza por meios legítimos, com apoio de organizações humanitárias ou civis.

Os jornalistas com acesso a Gaza bloqueado contam com a solidariedade internacional expressa na carta, que se propõe a manter viva a vigilância sobre a liberdade de imprensa mesmo em zonas de guerra intensamente vigiadas e restritas.

O documento permanece aberto para novas assinaturas no site oficial freedomtoreport.org, e representa um clamor global por transparência, justiça e o direito à informação em um dos conflitos mais silenciados da atualidade.

Jornalistas palestino enfrentam risco de morte por bombardeios ou fome 

A cobertura jornalística dentro da Faixa de Gaza tem sido realizada exclusivamente por jornalistas palestinos, que enfrentam condições extremas: além da constante ameaça de bombardeios e ataques, muitos trabalham sem eletricidade, internet ou equipamentos adequados.

Agora, a fome se tornou mais um obstáculo devastador. Com o bloqueio de ajuda humanitária, a escassez de alimentos atingiu níveis catastróficos.

Jornalistas relatam desmaios durante coberturas ao vivo, perda de peso severa e dificuldade de locomoção por fraqueza física.

Muitos estão reduzidos a uma única refeição por dia — quando conseguem comer — e enfrentam o dilema diário entre morrer de fome ou arriscar a vida em busca de comida.

A fome, além de ser uma tragédia humanitária, está silenciando vozes essenciais que ainda tentam documentar o que acontece dentro do enclave sitiado.