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Misoginia

Site pornô italiano é fechado após exibir imagens manipuladas de Giorgia Meloni, deputadas e celebridades

Phica.eu capturava fotos de mulheres famosas e anônimas nas redes sociais e as transformava digitalmente em cenas sexualmente explícitas

Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália

Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália (Facebook)



Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, foi alvo de imagens manipuladas com conteúdo sexual publicadas pelo site Phica.eu. O caso gerou forte reação política e levou ao fechamento da plataforma.


A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni está no centro de um escândalo envolvendo imagens pornográficas manipuladas, que levou ao fechamento do site na internet que as exibiu.

O Phica.eu, que tinha 200 mil assinantes, publicou montagens explícitas de diversas figuras públicas femininas, incluindo Meloni, sua irmã Arianna Meloni, a líder da oposição Elly Schlein e a ministra Daniela Santanchè.

As imagens, exibidas na seção “VIP” do site, foram criadas a partir de fotos reais retiradas de redes sociais e editadas digitalmente para parecerem sexualmente explícitas.

As montagens incluíam poses sugestivas, partes do corpo exageradas e legendas de cunho vulgar e misógino.

A prática, considerada uma forma de violência digital e abuso de imagem, gerou indignação nacional e levou ao encerramento do canal no dia 28 de agosto.

Nome do site faz alusão à genitália feminina

O nome do site, Phica, que existia desde 2005, tem conotação sexual explícita. Trata-se de uma variação estilizada de uma forma de chula de se referir à genitália feminina.

A escolha do nome reforça o caráter ofensivo e misógino da plataforma, que explorava imagens de mulheres públicas sem consentimento, com o objetivo de provocar e degradar.

Entre as mulheres que tiveram a imagem exposta estão Paola Cortellesi, atriz e diretora de um filme sobre violência doméstica, C’è Ancora Domani, e a influenciadora Chiara Ferragni, uma celebridade no país.

Uma petição pedindo o fechamento do site, que passou de 170 mil assinaturas, cita um estudo realizado em 2019 pela Universidade de Milão, que descobriu que 20% das mulheres da Itália haviam experimentado alguma forma de compartilhamento não consensual de fotos íntimas – e isso antes da facilidade em produzir essas imagens proporcionada pela inteligência artificial.

Giorgia Meloni reage: “Estou enojada”

Em declaração publicada pelo jornal italiano Corriere della Sera, a primeira-ministra Giorgia Meloni disse:

“Quero expressar minha solidariedade a todas as mulheres que foram ofendidas, insultadas e violadas em sua intimidade pelos administradores deste fórum e seus ‘usuários’.”

Valeria Campagna, deputada do Partido Democrático, também foi vítima da divulgação de imagens pornográficas falsas.

Ela se pronunciou com firmeza em uma declaração oficial publicada em sua conta no Facebook e replicada por diversos veículos italianos.

“Estou enojada. É desolador constatar que, em 2025, ainda existam pessoas que consideram normal e legítimo pisotear a dignidade de uma mulher e atacá-la com insultos sexistas e vulgares.”

Campagna exigiu que os responsáveis fossem punidos com a máxima severidade e expressou solidariedade às demais mulheres afetadas:

“Essas imagens falsas são uma forma de violência. São uma arma terrível nas mãos erradas, e não podemos tolerar que isso continue acontecendo.”

Itália reage com investigação e pressão política

O escândalo ganhou força após a eurodeputada Alessandra Moretti formalizar uma denúncia contra o site, o que levou à abertura de uma investigação por parte da polícia italiana.

Diante da pressão pública e política, os administradores do Phica.eu anunciaram o encerramento da plataforma, alegando “uso indevido” e “comportamentos tóxicos” por parte dos usuários.

Tela de abertura do site italiano Phica.eu

O caso reacendeu debates sobre privacidade digital, misoginia online e legislação contra abuso de imagem.

Parlamentares italianos já estão discutindo propostas para endurecer as penas contra quem produz ou distribui imagens falsas com fins sexuais.

Violência de gênero na Itália

O caso aconteceu uma semana depois de a Meta ter fechado uma conta no Facebook da Itália chamada Mia Moglie (Minha Esposa), na qual homens trocavam fotos íntimas de suas esposas, namoradas e de mulheres desconhecidas sem consentimento.

O país tem alto índice de violência baseada em gênero. O crime de honra só foi abolido em 1981, e o estupro passou a ser considerado crime contra a pessoa apenas em 1996 — antes disso, era tratado como “crime contra os bons costumes”.

Até maio deste ano foram registrados 16 feminicídios na Itália.

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