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Jimmy Kimmel

Sarcasmo e revolta no ar: veja como as estrelas de talk shows reagiram à suspensão de Jimmy Kimmel

Rede ABC suspendeu o programa após comentários do apresentador sobre o assassinato de Charlie Kirk e a reação de Trump ao crime

Jon Stewart apresentador de talk show em esquete ironizando o cancelamento do progrmaa de Jimmy Kimmel, com estúdio dourado e foto de Trump com rei Charles III

Jon Stewart em esquete sobre cancelamento de Jimmy Kimmel (reprodução)



A demissão de Jimmy Kimmel acendeu um alerta no universo dos talk shows americanos. Em uma noite marcada por críticas afiadas e humor ácido, apresentadores transformaram seus programas em atos públicos censura política.


Apresentadores dos principais programas noturnos dos Estados Unidos saíram em defesa de Jimmy Kimmel, após a suspensão de seu talk show, em uma noite marcada por defesa em forma de críticas diretas, ironia e sátira contra o que classificaram como censura política.

Na quinta-feira (18), um dia após a decisão da rede ABC de tirar o Jimmy Kimmel Live! do ar, nomes como Stephen Colbert, Jon Stewart, Jimmy Fallon, Seth Meyers e David Letterman se manifestaram ao vivo ou em eventos públicos.

Com diferentes estilos, todos apontaram um mesmo risco: a supressão da liberdade de expressão em uma televisão cada vez mais submetida a interesses do governo e das corporações.

A preocupação é justificada: no voo de volta ao EUA após visita oficial de dois dias ao Reino Unido, o presidente Donald Trump disse considerar a possibilidade de cassar a concessão de emissoras que falem mal do governo.

“Eles são 97% contra — só me dão publicidade ou cobertura negativa. Acho que talvez a licença deles devesse ser retirada. Caberá a Brendan Carr decidir.”

Brendan Carr é o presidente da FCC (Comissão Federal de Comunicações), órgão regulador das telecomunicações nos EUA.

O que aconteceu com Jimmy Kimmel

Jimmy Kimmel foi suspenso pela ABC após comentar no ar que aliados de Donald Trump estavam tentando capitalizar politicamente o assassinato do influenciador de direita Charlie Kirk:

“Muita gente em Maga Land está trabalhando duro para caracterizar esse rapaz que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não fosse parte deles — e tentando tirar proveito político disso.”

A fala foi criticada por Brendan Carr, que a classificou como “doentia” e um ataque aos “valores comunitários”. Pressões regulatórias e comerciais aumentaram, e a ABC retirou o programa do ar na quarta-feira.

Segundo a Reuters, a Disney considerou os riscos após receber ameaças, inclusive de morte, e não conseguiu chegar a um consenso com Kimmel sobre como responder à controvérsia. O apresentador estaria pronto para fazer um pronunciamento, mas não houve acordo sobre o tom.

 Stephen Colbert: “As pessoas estão chocadas”

No Late Show de quinta-feira, Stephen Colbert, que também teve seu programa cancelado e sob “aviso prévio”, abordou a suspensão de forma direta. Ele criticou a Disney e ironizou o medo da empresa frente à ameaça de retaliação por parte do governo Trump, e provocou o presidente da FCC:

“As pessoas em todo o país estão chocadas com esse ataque flagrante à liberdade de expressão.

Sabe quais são os valores da minha comunidade, meu chapa? Liberdade de expressão.”

Ele também ironizou o comportamento dos executivos da Disney que se dobraram ao governo Trump, citando uma reportagem da revista Rolling Stone:

“Segundo uma fonte da ABC, eles estavam ‘se mijando’ o dia inteiro por causa da ameaça de retaliação. Pelo lado positivo, isso prova que a Disney é número 1 em streaming”, um trocadilho com a palavra que também tem o sentido de um fluxo contínuo.

 

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Em outro momento, o Late Show exibiu um vídeo satírico adaptando a música Be Our Guest, do filme A Bela e a Fera, com a letra: “Cale a boca, estamos avisando você para parar com essa besteira.”

Jon Stewart: sátira a serviço da crítica

Jon Stewart abriu uma edição especial do The Daily Show com um cenário dourado, parodiando a estética do novo Salão Oval sob Trump e o patriotismo americano.

Ele se apresentou como um apresentador “patrioticamente obediente”, com seu show “aprovado pelo governo”, em uma atuação sugerindo medo e submissão em tom de sarcasmo, sob as gargalhadas da plateia.

Jon Stewart em esquete sobre cancelamento de Jimmy Kimmel (reprodução)

E seguiu ironizando algumas posições do presidente, como as críticas à violência em Nova York e o uso da Guarda Nacional para policiar cidades.

“Diretamente do verdadeiro esgoto infestado pelo crime que é Nova York. Um tremendo desastre como nunca se viu. Alguém devia mandar a Guarda Nacional invadir este lugar, não é?”

Ironizando o comentário de Trump de que “Kimmel não tem talento”, Stewart disse que o presidente usava um “Talentômetro” para medir a lealdade dos apresentadores:

“Quando o nível de simpatia ao presidente cai abaixo de certo ponto, a FCC deve ser notificada para ameaçar fusões de bilhões de dólares.

Ou pode simplesmente ameaçar diretamente as licenças. É ciência básica. Leia a Constituição!”

Stewart exibiu ainda clipes de republicanos criticando adversários por chamarem o governo de “fascista” — seguidos de declarações de Trump chamando democratas de “fascistas”, “animais” e “demoníacos”.

Ao rebater o argumento de que a violência política não é motivo para piada, lembrou do ataque a Paul Pelosi, ridicularizado por conservadores.

Ao final, entrevistou a jornalista filipina Maria Ressa, que comparou a escalada autoritária nos EUA à vivida nas Filipinas sob Rodrigo Duterte:

Stewart: “Você acha estranho que Trump tenha demorado oito meses?”
Ressa: “Acho que ele fez isso nos primeiros 100 dias.”

Jimmy Fallon: “Não sei o que está acontecendo, mas Kimmel é decente”

Jimmy Fallon começou o Tonight Show dizendo ter acordado com 100 mensagens de seu pai perguntando se seu programa também havia sido cancelado. Em seguida, declarou apoio pessoal a Kimmel:

“Para ser honesto, não sei o que está acontecendo. Mas eu conheço Jimmy Kimmel. Ele é um cara decente, engraçado e amoroso. Espero que ele volte.”

 

Fallon ainda ironizou o temor de censura:

“As pessoas estão preocupadas que não vamos continuar dizendo o que queremos dizer. Que seremos censurados.”

Logo após, seu monólogo foi interrompido por uma voz em off descrevendo Trump como “incrivelmente bonito” e “fazendo a América grande de novo”, o lema do movimento MAGA.

Seth Meyers: “Se eu disse algo contra ele, foi a IA”

Seth Meyers também comentou a situação com sarcasmo logo na abertura de seu Late Night, que está na mira de Donald Trump. Ao comentar a demissão de Jimmy Kimmel em um post na rede Truth Social, ele disse que a estrela do show da NBC deveria ser a próxima a perder o emprego.

“Donald Trump está voltando de uma viagem ao Reino Unido. Enquanto isso, sua administração está promovendo uma repressão à liberdade de expressão… totalmente sem relação, só queria dizer que sempre admirei o senhor Trump.

Um visionário. Um grande presidente. Um golfista ainda melhor. E se vocês já me viram dizer algo negativo sobre ele, foi a inteligência artificial.”

https://youtu.be/bGpYFjwClr8

David Letterman: “É mídia gerenciada. E isso não é bom”

Durante participação no Atlantic Festival 2025, David Letterman — ícone dos talk shows — fez um pronunciamento direto contra a suspensão:

“Não se pode demitir alguém porque se tem medo ou para bajular um presidente autoritário e criminoso. Não é como as coisas funcionam.”

Ele chamou a situação de “silly”, “ridiculous” e lamentou:

“Sinto muito por isso, porque todos nós sabemos para onde isso está indo, certo? É mídia gerenciada. E isso não é bom.”

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