O apresentador de televisão e comediante Jimmy Kimmel ultrapassou Donald Trump em popularidade diante da opinião pública, segundo uma pesquisa do instituto YouGov em parceria com a revista The Economist divulgada nesta segunda-feira (6).
O levantamento, realizado com cerca de 1.600 pessoas, questionava se os participantes mantinham uma opinião positiva ou negativa sobre cada um deles após a controvérsia envolvendo a retirada do programa de Kimmel do ar pela rede ABC, em decorrência de comentários sobre o presidente e a morte do ativista conservador Charlie Kirk.
Jimmy Kimmel recebeu um total de 44% de votos favoráveis, ante 41% de votos desfavoráveis — num saldo positivo de 3%.
Já o presidente dos EUA recebeu 44% de votos favoráveis, mas 54% desfavoráveis, totalizando um saldo negativo de -13%, representando 16 pontos a menos do que Kimmel.
Maioria discorda de suspensão de Kimmel
Além dos resultados sobre as diferenças de popularidade entre o apresentador norte-americano e Donald Trump, a pesquisa aponta que a maioria dos participantes discorda da suspensão do programa de Kimmel.
Questionados se os comentários teriam sido suficiente para justificar o cancelamento temporário do talk show, 55% dos participantes votaram que não, contra 30% que votaram que sim.
Outros 15% alegaram não ter certeza.
Os dados foram coletados entre os dias 23 e 26 de setembro, período em que marcou o retorno do programa Jimmy Kimmel Live!, um dos talk shows mais populares dos Estados Unidos, após a suspensão de seis dias pela rede de propriedade da Disney.
Relembre o caso Kimmel
Na edição do dia 15 de setembro, Kimmel criticou a reação da direita sobre a morte de Charlie Kirk, ativista conservador ligado ao MAGA (Make America Great Again), movimento liderado pelo presidente norte-americano.
“A gangue MAGA está desesperadamente tentando caracterizar esse garoto que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um dos seus e fazendo tudo o que pode para marcar pontos políticos com isso.”
Ele também ironizou a forma como Donald Trump lamentou a morte de Kirk:
“Não é a forma como um adulto lamenta o assassinato de alguém a quem chamava amigo. É assim que uma criança de 4 anos chora um peixinho dourado, OK?”
Os comentários provocaram uma forte reação da ala conservadora dos Estados Unidos, com o diretor da FCC, Brendan Carr, ir à público anunciar que a postura merecia uma derrubada do programa.
Dois dias depois, a repercussão negativa levou a emissora a decidir pelo hiato temporário, num movimento visto como censura.
Reações à suspensão de Jimmy Kimmel
A suspensão do programa mobilizou outras estrelas de talk shows norte-americanos em defesa de Kimmel, como Stephen Colbert, Jimmy Fallon e David Letterman.
Além disso, mais de 400 atores e profissionais de Hollywood assinaram uma carta pressionando a emissora pelo retorno do quadro, incluindo nomes como Ben Affleck, Jennifer Aniston e Robert De Niro.
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No dia 23 de setembro, o programa retornou ao ar, embora 70 afiliadas da ABC, controladas pelos grupos Sinclair e Nexstar, terem inicialmente se recusado a exibir o programa.
Apesar disso, o retorno bateu recordes de audiência, com 6,3 milhões de telespectadores — cerca de três vezes mais que a média da emissora.
Kimmel agradeceu até aos que não o apoiam
Em seu monólogo de reabertura do programa, Kimmel agradeceu aos apoiadores entre todos os espectros políticos — inclusive republicanos, como o senador republicano Ted Cruz, que se manifestaram em prol do apresentador:
“Acima de tudo, quero agradecer às pessoas que não apoiam o meu programa ou aquilo em que acredito, mas que apoiam o meu direito de partilhar essas crenças de qualquer forma.”
Quem não gostou da volta foi Donald Trump, que havia comemorado a suspensão do programa. Em um post em sua rede Truth Social, ele escreveu:
“Não acredito que a ABC Fake News tenha devolvido o emprego a Jimmy Kimmel.
Por que eles iriam querer de volta alguém que se porta tão mal, que não sabe fazer piada e que coloca a rede em risco ao apresentar 99% de lixo democrata como positivo?”
Ele ainda insinuou que o programa poderia configurar uma “contribuição ilegal de campanha” ao Partido Democrata.
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