Um ano após ser preso por publicar artigos criticando a política econômica do presidente Abdel Fattah el-Sisi, o comentarista econômico Abdel Khaleq Farouk foi condenado a cinco anos de prisão no Egito sob alegação de participar de uma organização terrorista, espalhar informações falsas e “fazer mau uso” das mídias sociais.
Economista e pesquisador que se tornou comentarista reconhecido, Farouk foi preso em 20 de outubro de 2024, após uma série de textos em que discordava de projetos como a construção da nova capital administrativa do país e a posição do presidente sobre a guerra em Gaza.
Ele já tinha sido foi preso anteriormente em 2018 depois de publicar um livro questionando as políticas econômicas do governo.
Comentarista econômico condenado sem processo justo, diz advogado
O advogado Nabih Al-Janadi, membro da equipe de defesa de Farouk, disse ao Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) que o processo “carecia de todas as garantias de um julgamento justo e não permitiu ao réu o direito de se defender”.
O tribunal, disse ele, proibiu a equipe de defesa de revisar todos os documentos do caso antes que a acusação apresentasse seus argumentos, que foram ouvidos sem a presença da defesa.
“A sentença de Abdel Khaleq Farouk a cinco anos de prisão após um julgamento que claramente carecia de justiça levanta sérias preocupações sobre os processos legais no Egito”, disse a diretora regional do CPJ, Sara Qudah, em um comunicado da organização sobre o caso.
“Esse episódio é um exemplo dos desrespeitos contínuos ao devido processo legal, com jornalistas e escritores sujeitos a ações judiciais por seu trabalho, muitas vezes sem salvaguardas suficientes.”
De acordo com o CPJ, Farouk vem sendo submetido a “condições desumanas de prisão e ameaças das autoridades egípcias, incluindo a possível transferência para uma instalação remota, por exigir direitos básicos, como acesso a cuidados de saúde e exercícios ao ar livre.
Ele sofre de doença arterial coronariana e teve vários ataques cardíacos devido à falta de tratamento e condições insalubres.
O Egito continua sendo um dos principais carcereiros de jornalistas do mundo, com 17 atrás das grades no mais recente censo prisional anual do CPJ, publicado em dezembro de 2024.
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