Quase ninguém sabe distinguir uma música feita por inteligência artificial. E mais da metade do público se sente desconfortável com isso.
É o que mostra uma pesquisa feita pelo Instituto Ipsos sob encomendada da plataforma de streaming Deezer em oito países, incluindo o Brasil, revelando que 97% dos entrevistados erraram ao responder se uma canção era ou não feita por IA.
O estudo revelou que o público quer transparência e regras: defende que músicas feitas 100% por IA sejam rotuladas e que artistas usados para treinar os modelos sejam remunerados.
O Ipsos examinou também o interesse e engajamento das pessoas com a IA, e os brasileiros se destacaram.
Mais de seis em cada 10 entrevistados (65%) se disseram curiosos com a IA, enquanto no conjunto dos mercados participantes do estudo a taxa é de 55%.
E 42% dos que participaram da pesquisa no Brasil já a utilizam em atividades cotidianas, ainda que apenas 28% confiem nela.
Público erra ao identificar música gerada por inteligência artificial
A pesquisa feita pelo Ipsos envolveu entrevistas com 9 mil pessoas em oito países: Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Holanda, Alemanha e Japão.
Os participantes foram convidados a ouvir três faixas e dizer se eram ou não totalmente geradas por IA. Quase a totalidade deles (97%) não conseguiu dar a resposta certa.
A maioria (71%) disse ter ficado surpresa com o resultado, e mais da metade (52%) relatou desconforto por não conseguir distinguir músicas feitas por humanos daquelas criadas por inteligência artificial.
Outro ponto com ampla maioria é a identificação das músicas criadas por IA: 80% dos entrevistados acredita que estas faixas devem ser claramente rotuladas.
Filtragem da IA no streaming
Embora os resultados demonstrem que as canções feitas por ferramentas de inteligência artificial sejam tão perfeitos a ponto de a diferença não ser perceptível, 45% dos participantes afirmaram que gostariam da possibilidade de filtrar músicas geradas por IA nos serviços de streaming.
E 40% disseram que se houvesse esse recurso, eles não ouviriam essas faixas.
A Deezer disse estar recebendo mais de 50 mil faixas totalmente geradas por IA todos os dias, o que representa mais de 34% do total de conteúdo enviado diariamente.
A plataforma afirma que todas as faixas 100% geradas por IA são automaticamente removidas das recomendações algorítmicas e não são incluídas em playlists editoriais, para não diluir o pool dos royalties pagos aos autores.
IA na música: problema ou solução?
O público demonstra sentimentos dúbios em relação à contribuição da IA na indústria da música.
Quase metade (46%) dos entrevistados acredita que as ferramentas e recursos de IA podem ajudá-los a descobrir novas faixas, enquanto 51% acreditam que eles desempenharão um papel significativo na criação musical nos próximos 10 anos.
No Brasil essa crença é ainda mais alta, com taxas de respectivamente 62% e 59%.
Por outro lado, quase dois terços (64%) dos entrevistados nos oito países acreditam que a inteligência artificial poderá levar à perda de criatividade na produção musical e 51% temem músicas de baixa qualidade.
Para os brasileiros, os resultados foram de 60% e 52%.
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IA x direitos autorais
A pesquisa também indagou sobre questões relacionadas ao treinamento de ferramentas de inteligência artificial e a proteção da propriedade intelectual dos artistas.
A maioria das pessoas (65%) acha que não deveria ser permitido o uso de material protegido por direitos autorais para treinar IA.
E 73% acham antiético este tipo de uso sem aprovação expressa dos artistas.
No Brasil, os números sobre estes tópicos são um pouco mais baixos: 56% a favor da proibição e 67% consideram antiético.
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