Londres – A guerra entre a Rússia e a Ucrânia segue sem perspectiva de um fim próximo, mas filmes sobre o conflito já começam a aparecer, documentando o drama das pessoas que tiveram suas vidas transformadas de um dia para o outro pela invasão em 24 de fevereiro.
A jornalista russa Katerina Gordeeva acaba de lançar “Man and War”, reunindo conversas com ucranianos que testemunharam a guerra nas cidades de Mariupol, Bucha, Kyiv, Donetsk, Kharkov, Volnovakha e Gostomel.
Aos 45 anos, Gordeeva tem uma longa carreira na TV russa e faz documentários desde 2005. Suas produções cobrem temas como saúde, família e questões sociais.
Relatos da vida real no filme sobre a guerra na Ucrânia
As filmagens começaram imediatamente após 24 de fevereiro. Os autores do projeto gravaram mais de 100 horas de entrevistas
O filme é longo, tem 3,5 horas de duração e não vai passar em cinemas. Está disponível no YouTube, em russo.
Mesmo sem entender o idioma, as imagens mostram cenas de destruição nas cidades retratadas e a tristeza de quem conta os fatos presenciados.
Os entrevistados lembram como souberam da invasão russa, como se esconderam dos bombardeios e deixaram suas cidades natais, como eram suas vidas antes da guerra e com o que eles sonham agora que perderam suas casas. Alguns foram filmados em abrigos.
“Nos tempos mais terríveis e sombrios, e especialmente neles, um jornalista tem um trabalho simples: registrar o que está acontecendo. Relatos de testemunhas oculares, seu discurso direto definitivamente será útil mais tarde, para não permitir que novos livros de história mintam sobre o que as pessoas viram com seus próprios olhos ”, disseram os autores do filme na descrição do vídeo no YouTube.
Goordeva escreveu:
“Os heróis do filme “Man and War” se encontraram em 24 de fevereiro em circunstâncias completamente diferentes. Todos eles têm visões políticas diferentes.
Mas a guerra não deixou nenhum deles feliz. Não liberou ninguém. A guerra trouxe problemas, destruição e morte. Semeou inimizade e ódio”.
Desde o início da guerra, jornalistas e documentaristas se arriscaram para acompanhar o conflito. Até agora, 10 morreram, a maioria em ataques diretos do exército russo, que não poupou carros e profissionais identificados claramente como integrantes da imprensa.
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Dois deles eram documentaristas. O primeiro estrangeiro a morrer na guerra foi o premiado americano Brent Renaud. No dia 13 de março, ele foi alvejado por soldados russos na cidade Irpin quando colhia cenas para um filme sobre o conflito na Ucrânia.
No dia 2 de abril, o documentarista lituano Mantas Kvedaravicius foi o sétimo profissional de mídia a morrer durante o conflito. O Ministério da Defesa ucraniano informou que o cineasta de 45 anos foi morto por forças russas ao tentar fugir da cidade.
Ele ficou conhecido pelo filme “Mariupolis”, de 2016, que ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Lithuanian Film Awards, além de receber elogios nos festivais de cinema de Berlim, Hong Kong e Estocolmo.
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