Londres – Pessoas que conviveram com a rainha Elizabeth na intimidade relatam uma característica pouco vista pelo público, o bom humor, que a fez aceitar uma ideia ousada proposta pelos organizadores dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012: contracenar com James Bond em um filme simulando sua chegada triunfal ao estádio.
Morta aos 96 anos no dia 8 de fevereiro, Elizabeth II se tornou um símbolo da cultura pop, com sua imagem combinando chapéu e vestidos em cores fortes e a mãozinha acenando para o público entrando para o imaginário popular e estampando uma incontável variedade de produtos de consumo.
Ela teve outras aproximações com personagens famosos, como o ursinho Paddington em um vídeo comemorativo de seu Jubileu de Platina, mas a união com James Bond, outro ícone pop e referência na cultura britânica em um momento em que o mundo inteiro prestava atenção na cerimônia de abertura das Olimpíadas entrou para a história.
Vídeo com Elizabeth e Bond no YouTube
Apenas o vídeo publicado no canal dos Jogos Olímpicos no YouTube, uma das muitas versões disponíveis, tem mais de 57 milhões de visualizações. Depois da morte, alguns internautas publicaram comentários sobre a união inusitada entre Bond e Elizabeth II.
O vídeo foi exibido nos telões do estádio onde aconteceu a abertura e na transmissão pela TV, precedendo a chegada da rainha ao estádio. Mas ninguém poderia imaginar o que viria a seguir – a ideia foi guardada a sete chaves.
O roteiro começa com o ator Daniel Craig, que interpretou o espião 007 nos últimos filmes da série, chegando ao palácio de Buckingham para acompanhar a rainha até o estádio.
Um detalhe curioso é que um grupo de crianças em visita ao palácio o vê chegar, e todas usam bonés com a bandeira do Brasil – que sediaria a edição seguindo das Olimpíadas.
Ele é recebido pela rainha no escritório, e os dois caminham até um helicóptero, que sobrevoa Londres e é aplaudido pelo púbico. Em um dos trechos, a até a estátua do ex-primeiro-ministro Winston Churchil se mexe para aplaudir, sorridente
Ao chegar ao estádio, os dois (ou melhor, dublês), saltam de paraquedas. Em seguida, a rainha Elizabeth aparece na tribuna de honra com o marido, o príncipe Philip – mas sem Bond ao seu lado.
A admiração pela rainha é vista na cena final, em que ela é longamente aplaudida pelo estádio.
O roteiro explora a figura de James Bond, com sua seriedade na proteção à rainha Elizabeth, e tem toques sutis da “britanidade” tão bem representada pela monarca.
Um deles é a pontualidade. Bond entra na sala, e a rainha Elizabeth continua o seu trabalho, parecendo ignorá-lo. Mas quando o relógio bate 8h30, ela se vira para trás e levanta para acompanhá-lo pelos corredores em direção ao helicóptero.
Um outro vídeo mostra como as cenas foram gravadas, com um homem interpretando a rainha.
Outro detalhe no roteiro é o amor pelos cachorros, paixão dos ingleses e da rainha. Os cães da raça Corgi são parte da história.
Em uma entrevista ao programa Late Show no início deste ano Daniel Craig disse que eles estavam lá o tempo todo durante a filmagem e eram muito amigáveis.
O ator Daniel Craig mandou condolências à família real. Em um comunicado à agência de notícias PA, Craig prestou homenagem à ex-monarca, dizendo que ela sentiria “profunda falta” dela.
“Eu, como muitos, fiquei profundamente triste com as notícias de hoje e meus pensamentos estão com a família real, aqueles que ela amava e todos aqueles que a amavam”.
Em dezembro de 2021, Craig foi premiado com a Ordem de São Miguel e São Jorge na Lista de Honras de Ano Novo da monarquia, uma honra tipicamente concedida a diplomatas – e a espiões da vida real.
Leia também | Especial | Elizabeth II, a vida e a morte de uma referência em construção e gestão de imagem