Londres – Poderia ser mais uma excentricidade do polêmico Elon Musk nas redes sociais, mas o presidente Volodymyr Zelensky reagiu furioso a um tuíte do bilionário sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Musk fez um postagem em forma de pesquisa pedindo aos seus 107 milhões de seguidores que opinassem sobre suas ideias para acabar com o conflito – uma delas a realização de eleições supervisionadas pela ONU nas quatro regiões anexadas por Moscou.
A resposta do presidente ucraniano usou o mesmo formato de enquete, com a pergunta: “Qual @elonmusk você gosta mais? – um que apoia a Ucrânia ou um que apoia a Rússia?”.
Musk propôs plebiscito na Ucrânia
A enquete de Musk propõe as eleições, e que a Rússia deixe os territórios ocupados se isso for a vontade do povo. Segue sugerindo que a Crimeia seja formalmente parte da Rússia “como tem sido desde 1783 até o erro de Khrushcev”.
Em 1954, o governo soviético transferiu a Crimeia da Federação Russa das Repúblicas Socialistas (RSFSR) para a União Soviética da Ucrânia.
Elon Musk pede que o abastecimento de água seja restabelecido na Crimeia e que a Ucrânia “permaneça neutra”, sem integrar a OTAN.
Ukraine-Russia Peace:
– Redo elections of annexed regions under UN supervision. Russia leaves if that is will of the people.
– Crimea formally part of Russia, as it has been since 1783 (until Khrushchev’s mistake).
– Water supply to Crimea assured.
– Ukraine remains neutral.
— Elon Musk (@elonmusk) October 3, 2022
Na manhã desta terça-feira, mais de 2,3 milhões de usuários do Twitter já tinham votado.
Elon Musk fez um outra enquete propondo um plebiscito para que as pessoas que vivem em Donbas e na Crimeia decidam se querem ser parte da Rússia ou da Ucrânia.
Let’s try this then: the will of the people who live in the Donbas & Crimea should decide whether they’re part of Russia or Ukraine
— Elon Musk (@elonmusk) October 3, 2022
E colocou um balde de água fria na ideia de que a Ucrânia pode vencer a guerra, afirmando em um post fixado em sua conta que a Rússia pode entrar em mobilização total se houver risco de perder a Crimeia, o que levaria a mortes devastadoras dos dois lados.
Ele finaliza observando que a Rússia tem três vezes a população da Ucrânia, “então a vitória é improvável em uma guerra”. O bilionário não se dirige diretamente ao presidente Zelensky ou à Ucrânia, mas escreve:
“Se você se preocupa com as pessoas da Ucrânia, busque a paz”.
Russia is doing partial mobilization. They go to full war mobilization if Crimea is at risk. Death on both sides will be devastating.
Russia has >3 times population of Ukraine, so victory for Ukraine is unlikely in total war. If you care about the people of Ukraine, seek peace.
— Elon Musk (@elonmusk) October 3, 2022
O presidente Zelensky entrou na briga e respondeu ao bilionário com ironia, enfatizado o suposto apoio à Rússia.
Which @elonmusk do you like more?
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) October 3, 2022
A guerra se espalhou nas mídias sociais. O presidente da Lituânia, Gitanas Nausėda, disse:
“Caro Elon Musk, quando alguém tenta roubar as rodas do seu Tesla, isso não o torna o proprietário legal do carro ou das rodas. Mesmo que afirmem que ambos votaram a favor.”
O embaixador da Ucrânia na Alemanha, Andriy Melnyk, reagiu duramente à pesquisa do “plano de paz” de Musk, afirmando que “nenhum ucraniano jamais comprará um Tesla”.
E deixou a elegância de lado responder ao bilionário:
“F***-se é a minha resposta bastante diplomática para você”.
Desde os primeiros dias da guerra, Musk fornece antenas Starlink para a Ucrânia, uma rede que se mostrou crucial no apoio à infraestrutura em toda a Ucrânia, pois combate a desinformação da Rússia.
Enquanto faz provocações sobre a guerra, o empresário se prepara para sua batalha pessoal envolvendo a compra do Twitter. No dia 17 começa o julgamento que decidirá se ele será obrigado a levar adiante a aquisição da plataforma por US$ 44 bilhões.
Elon Musk tenta desistir da compra alegando que os números de usuários reais estão inflados, e que isso compromete o valor do negócio.
Leia também | Rússia ‘sequestra’ torres de TV para transmitir propaganda estatal em cidade ucraniana