Londres – Enquanto paĂses – incluindo o Brasil – e regiĂ”es como a UniĂŁo Europeia caminham para regulamentar o uso da inteligĂȘncia artificial (IA) de forma independente, o secretĂĄrio-geral da ONU, AntĂłnio Guterres, sugeriu nesta terça-feira (18) a criação de uma agĂȘncia internacional para maximizar os benefĂcios da tecnologia e mitigar seus potenciais riscos.
A proposta foi apresentada durante o primeiro debate sobre inteligĂȘncia artificial no Conselho de Segurança das NaçÔes Unidas, realizado em Nova York.
Para Guterres, a governança da inteligĂȘncia artificial requer um olhar universal, defendendo um organismo dentro da ONU para essa finalidade.
Desafios da IA sĂŁo universais
Ele disse que a inovação traz desafios, como a falta de rastreabilidade e a liderança do setor privado, tendo poucos paralelos em outras tecnologias estratégicas.
Para ele, a melhor abordagem seria mapear os desafios existentes e, ao mesmo tempo, monitorar e responder a riscos futuros. AlĂ©m disso, Guterres defende a integração do setor privado, sociedade civil, cientistas independentes e impulsionadores da inteligĂȘncia artificial.
O secretĂĄrio-geral das NaçÔes Unidas afirma que a necessidade de padrĂ”es e abordagens globais torna a organização âo local ideal para que isso aconteçaâ.
A IA generativa tem um enorme potencial para o bem e o mal em escala. Até mesmo seus criadores alertaram que riscos maiores, potencialmente catastróficos e existenciais estão por vir.
Sem ação para lidar com esses riscos, negligenciamos nossas responsabilidades para com as geraçÔes presentes e futuras.”
A UniĂŁo Europeia jĂĄ tomou a dianteira na regulamentação da IA. O bloco aprovou em junho um projeto de lei classificando o uso da inteligĂȘncia artificial em quatro nĂveis de risco. A previsĂŁo Ă© de que a lei seja aprovada em definitivo atĂ© o fim do ano.
Brasil, China, JapĂŁo, CanadĂĄ e EUA sĂŁo alguns dos paĂses que jĂĄ iniciaram processos de regulamentação da IA, em diferentes estĂĄgios de evolução.
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Conselho para regulamentação da IA
Guterres afirmou que atĂ© o final deste ano irĂĄ convocar um Conselho Consultivo de Alto NĂvel multissetorial para InteligĂȘncia Artificial, que apresentarĂĄ um relatĂłrio sobre as opçÔes para governança global.
Segundo ele, seu próximo relatório, sobre uma nova agenda para a paz, também farå recomendaçÔes para os Estados-membros.
No texto, ele recomenda que os paĂses delineiem estratĂ©gias nacionais sobre o projeto, desenvolvimento e uso responsĂĄvel da IA, de acordo com obrigaçÔes sob o Direito Internacional HumanitĂĄrio e os Direitos Humanos.
As naçÔes sĂŁo tambĂ©m convidadas a se envolverem em um processo multilateral para desenvolver normas, regras e princĂpios sobre aplicaçÔes militares.
O documento sugere um acordo sobre uma estrutura global para regular e fortalecer os mecanismos de supervisĂŁo para o uso de tecnologia baseada em dados, incluindo inteligĂȘncia artificial, para fins de combate ao terrorismo.
Guterres pede que as negociaçÔes sobre um instrumento juridicamente vinculativo para proibir sistemas de armas autĂŽnomos letais, que funcionem sem controle ou supervisĂŁo humanos e que nĂŁo possam ser usados em conformidade com o direito humanitĂĄrio internacional, sejam concluĂdas atĂ© 2026.
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