Londres – O Chartered Institute of Public Relations (CIPR), órgão regulador da atividade no Reino Unido, começou a estudar o impacto da inteligência artificial no setor em 2018, quando pouco se falava do assunto.
Naquele ano, a organização criou um painel dedicado a promover o conhecimento e a compreensão da IA, e publicou em 2020 um código de ética para o uso adequado dessa tecnologia na comunicação.
O presidente do painel é Andrew Bruce Smith, de 60 anos, consultor pioneiro na interseção entre RP e tecnologias com impacto sobre a atividade.
O impacto da inteligência artificial
Também em 2018 o CIPR fez uma projeção das funções dos profissionais de comunicação que poderiam ser complementadas ou substituídas pela IA.
Eram 12% na época, quando havia apenas 200 ferramentas disponíveis.
O cálculo não foi ainda refeito, mas em maio deste ano, a organização divulgou um novo relatório que dá motivos para acreditar que a projeção de cinco anos atrás pode ter sido modesta.
A estimativa é de que as ferramentas disponíveis em 2023 já seriam capazes de substituir ou complementar 38% das funções.
Foram documentadas 5.865 ferramentas de inteligência artificial capazes de automatizar atividades de relações públicas, incluindo geração de conteúdo e também pesquisa, planejamento, análise, medição e linguagem inclusiva.
O levantamento foi feito por Scott Brinker, editor do blog Chiefmartec, especializado em analisar as tendências da tecnologia no marketing. E pode soar assustador para quem acha que tudo se resume ao ChatGPT ou ao Bard do Google.
Andrew Smith afirma que “ajustando a mentalidade, a IA pode realmente tornar a contribuição de relações públicas mais valiosa”.
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Indo além de um conteúdo ‘mediano’
Mas o relatório ressalta o papel limitado dessas tecnologias para quem almeja ir além de um conteúdo “mediano”:
“As ferramentas são melhores para refinar do que para criar, e isso é o que precisamos entender para aproveitar seu poder”.
O CIPR lembra que, entendendo-se RP como a missão de construir e manter relacionamentos com todas as partes interessadas como base para o futuro das organizações, a inteligência artificial não é a tábua de salvação para o comportamento condenável ou as más decisões. Ao contrário:
“Na verdade, ela pode piorar as coisas se as más decisões e o que se diz sobre elas forem a narrativa da qual as ferramentas de IA extraiam os dados”.
O documento do órgão salienta que ignorar a inteligência artificial não é uma opção.
E que os profissionais de relações públicas terão que estar atentos às considerações éticas e legais de como usá-la para aconselhar adequadamente suas organizações e clientes sobre as implicações da implantação em larga escala da inteligência artificial para qualquer propósito e seu impacto sobre a marca e a reputação.
O relatório completo do CIPR pode ser visto aqui
Este artigo faz parte do Especial ‘Os desafios da ESG na era da Inteligência Artificial‘
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