Em um ano de pandemia, mais de 900 jornalistas morreram de Covid-19 em 70 países, segundo a organização Press Emblem Campaign, com sede em Genebra. A América Latina lidera a lista de mortes por região, com mais de 460 casos. O Brasil chegou a figurar como o país com mais vítimas (em 15/3), um total de 111, passando a ocupar a posição que desde o início da crise era do Peru. Dias depois o Peru voltou à liderança.
Mesmo assim, a organização destacou o avanço rápido da doença entre profissionais de imprensa no País, que aparece como o de pior registro em 2021: mais de 50 mortes em apenas dois meses. O caso mais recente da lista é o do jornalista e escritor Nilo Alves, de Palmas.
A Press Emblem Campaign dedica-se a monitorar violência contra jornalistas. Desde o início da crise de saúde pública passou a acompanhar o drama dos profissionais de imprensa vítimas da Covid-19. A lista da entidade inclui um perfil de cada vítima, como forma de humanizar os números da doença.
Em maio passado o registro já era alto: 64 mortes em 24 países. Em novembro subiu para pelo menos 462 jornalistas de 56 países − um aumento de mais de sete vezes. Nesse mesmo período, o número total de mortes por pandemia em todo o mundo aumentou cinco vezes, de acordo com o Johns Hopkins Coronavirus Resource Center.
A diferença entre regiões é brutal. Na Europa, foram 158 mortes. A Itália figura como a nação da região onde mais jornalistas perderam a vida para a Covid-19, um total de 49. Na Ásia, a Índia aparece na liderança, mas não há números confiáveis de alguns países, como a China.
“Os profissionais da mídia têm um papel importante a desempenhar na luta contra o vírus. A segurança deles está particularmente em risco nesta crise, pela necessidade de trabalhar no campo. Vários morreram por falta de medidas de proteção adequadas ao fazerem seu trabalho”, diz o relatório.
Os dados do PEC dizem respeito apenas a jornalistas que morreram com Covid-19 cujos casos foram divulgados na mídia local, referenciados por associações de jornalismo ou registrados por correspondentes regionais da entidade.
“O que me surpreende é que, ao contrário da crença comum, muitos jornalistas morreram relativamente jovens”, disse Blaise Lempen, secretário-geral da PEC em uma entrevista à Global Investigative Journalism Network.
“Em países desenvolvidos como Itália, Estados Unidos e Grã-Bretanha, a maioria dos jornalistas que morreram de Covid-19 tinha mais de 70 anos, mas em países em desenvolvimento como Brasil, Índia ou África do Sul, eles eram mais jovens − a maioria deles na casa dos 50 ou 60 anos. ”
Ele acrescentou que é sempre difícil saber a origem da doença, mas acredita que muitas das infecções aconteceram no trabalho.