Mais de 3,5 mil jornalistas de todo o mundo pediram credenciamento para cobrir a COP29 em Baku, capital do Azerbaijão, ex-república soviética que ocupa o 151º lugar entre 180 nações no índice global de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras.
O país é seguidamente acusado por entidades de defesa da liberdade de imprensa por perseguir, prender e condenar jornalistas críticos ao governo do presidente, situação que se agravou às vésperas da conferência do clima da ONU.
Um mês antes da abertura da cúpula, a justiça do Azerbaijão estendeu as prisões preventivas de 11 profissionais de imprensa detidos por suas reportagens críticas ao governo de Aliyev.
No entanto, a COP da ONU é importante demais para motivar boicotes de jornalistas ou de veículos de imprensa.
E assim como no Egito e nos Emirados Árabes Unidos, a imprensa chegou em peso a Baku.
O número de credenciados é menor do que o da COP26, em Glasgow, que reuniu mais de 3,8 mil profissionais de imprensa, e ainda não é o final, pois a confirmação de quem realmente compareceu só é dada após o encerramento da conferência.
Pela experiência dos anos anteriores, provavelmente será ainda menor.
Mas a redução não pode ser colocada apenas na conta do histórico de repressão à liberdade de imprensa no Azerbaijão.
Glasgow, no Reino Unido, foi de fácil acesso para a mídia britânica e para jornalistas estrangeiros baseados no Reino Unido. E a primeira COP da ONU após a pandemia, realizada em 2021, reuniu os mais importantes líderes globais.
Em Dubai alguns já deixaram de comparecer, e em Baku a presença de primeiros-ministros e presidentes deve ser ainda menor.
O presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, é uma das ausências. Joe Biden não foi, e o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, dificilmente compareceria a um encontro em que o financiamento de nações mais ricas para adaptação climática em países menos desenvolvidos é a pauta principal.
O centro de imprensa da COP29 em Baku tem instalações preparadas para 1,2 mil profissionais de imprensa trabalharem simultaneamente, incluindo 330 estações de trabalho para emissoras de TV e rádio e 300 mesas.
O número de pessoas que comparecem às COPs disparou nos últimos anos.
Perto de 40.000 pessoas foram à COP26 em Glasgow, cerca de 50.000 estavam no resort egípcio de Sharm el-Sheikh para a COP27 e quase 84.000 foram para Dubai no ano passado. Mas a maioria das 28 COPs realizadas desde 1995 teve a participação de menos de 10.000 pessoas.
Pouco mais da metade dos participantes do ano passado pertenciam a delegações governamentais, com a maioria do restante composta por funcionários que trabalham na conferência ou ativistas de organizações não governamentais (ONGs).