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Repressão na China

Jornalista chinesa que passou 4 anos presa por expor caos da Covid é condenada a mais 4 anos

Zhang Zhan foi capturada novamente após a libertação, em 2024, após denunciar abusos de direitos humanos praticados pelo governo da China

Zhang Zhan, jornalista presa na China

Zhang Zhan foi libertada em 2024 após cumprir pena e presa novamente três meses depois (reprodução vídeo redes sociais)



Zhang Zhan, jornalista cidadã condenada pela segunda vez na China, ficou conhecida pela coragem ao desafiar a censura e postar mais de 100 vídeos no YouTube mostrando a realidade da crise do coronavírus em Wuhan.


A jornalista Zhang Zhan, que passou quatro anos presa por divulgar informações sobre os primeiros casos de Covid-19 em Wuhan mostrando o caos que se instalou na cidade da China, foi condenada a mais quatro anos em um novo julgamento realizado na sexta-feira (19) em Xangai.

A informação foi divulgada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que denunciou a falta de base sólida para a nova acusação, e confirmada por agências internacionais como a Reuters, embora o governo chinês não tenha se pronunciado.

Segundo a RSF e grupos independentes de direitos humanos chineses, como o Weiquanwang, Zhang foi levada ao tribunal do Novo Distrito de Pudong, sob a alegação de de “provocar distúrbios”, frequentemente usado pelo regime chinês para silenciar vozes críticas e jornalistas independentes.

Foi a mesma acusação usada em 2020 para condenar a advogada que virou jornalista cidadã e passou a postar vídeos no YouTube sobre a Covid-19 em Wuhan, de onde o coronavírus começou a se espalhar para o mundo.

Jornalista da China Zhang Zhan foi para a prisão por noticiar a covid a partir de Wuhan
A jornalista chinesa Zhang Zhan em uma das transmissões que fez em Wuhan, epicentro da Covid-19. (Reprodução)

O que dizem as ONGs

Zhang Zhan, de 42 anos recebeu o Prêmio de Liberdade de Imprensa da RSF em 2021. A diretora da organização para a Ásia, Aleksandra Bielakowska, protestou contra a nova condenação.

“Zhang Zhan deveria ser celebrada como uma heroína da informação. Em vez disso, está sendo perseguida novamente pelo regime chinês, lutando por sua sobrevivência na prisão”, afirmou Antoine Bernard, diretor da RSF.

“Esta é a segunda vez que Zhang Zhan enfrenta julgamento por acusações infundadas que nada mais são do que um flagrante ato de perseguição por seu trabalho jornalístico”, disse o Diretor Regional do CPJ, Beh Lih Yi.

“As autoridades chinesas devem pôr fim à detenção arbitrária de Zhang, retirar todas as acusações e libertá-la imediatamente.”

Condenada em 2020, jornalista chinesa fez greve de fome

Atualmente com 42 anos, Zhang Zhan ficou inicialmente presa entre 2020 e 2024 por ter postado mais de 100 vídeos feitos na cidade de Wuhan.

Durante a primeira detenção, entrou em greve de fome total como forma de protesto, chegando a correr risco de morte.

Ela foi libertada em maio de 2024 sob um manto de mistério. Durante vários dias após a data marcada para o fim da pena, não havia confirmação da soltura ou de onde ela estava.

Dias depois ela apareceu em um vídeo, abatida e aparentando resignação. Mas nos meses seguintes ela continuou a desafiar o regime chinês, e acabou sendo novamente presa em 28 de agosto de 2024, após relatar abusos de direitos humanos.

Desde então, permaneceu presa no Centro de Detenção de Pudong, em Xangai, sem contato com o mundo exterior. As condições de sua detenção foram mantidas em sigilo, dificultando qualquer pressão internacional por sua segurança, segundo a Repórteres Sem Fronteiras.

China é o maior carcereiro de jornalistas do mundo

A China mantém ao menos 123 profissionais da imprensa presos, segundo a RSF.

No Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2025, o país aparece na 178ª posição entre 180 nações avaliadas.

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