Bob Enyart, apresentador de uma rádio no estado do Colorado, nos Estados Unidos (EUA), que pediu boicote às vacinas e ridicularizou o uso de máscaras, morreu de Covid-19 nessa segunda-feira (13/9). Ele é o o quinto apresentador de um programa de rádio conservador americano a morrer com a doença nas últimas seis semanas.

Autodenominado “fanático religioso de direita”, o radialista havia se recusado a tomar vacina colocando a fabricação dos imunizantes sob suspeita. Fred Williams, coapresentador e colega de Enyart no Real Science Radio, contou que o radialista e sua mulher foram internados por cerca de uma semana. 

Além de apresentador, Enyart era também pastor na igreja Denver Bible Church. Em outubro, ele venceu uma ação judicial contra o estado do Colorado sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras e limites de capacidade nas igrejas. Mais recentemente, ele havia pedido boicote às vacinas contra a Covid-19. 

Em seu site, Enyart chamou funcionários do governo que defendem o uso de máscaras de “nazistas” e “burocratas maníacos por controle”. Ele também propagou informações falsas sobre o uso de máscaras, dizendo que elas reduzem o oxigênio e diminuem o QI dos usuários. 

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Além de Enyart, recentemente outros jornalistas de perfil negacionista acabaram morrendo em decorrência da Covid-19.

O conservador Marc Bernier, apresentador da rádio WNDB na Flórida, foi infectado com a doença e morreu no final de agosto, aos 65 anos. Ele criticava os esforços de vacinação contra o coronavírus e se autodenominou “Sr. Anti-Vax” (“Senhor Antivacina”). 

Outro caso foi o do radialista de extrema-direita Dick Farrel, de 65 anos, que morreu de complicações causadas pela Covid-19. Ele trabalhou em estações de Miami e Palm Beach, além da rede de TV Newsmax.

Farrel usava seu programa e as redes sociais para criticar o médico Anthony Fauci, conselheiro da Casa Branca e referência no combate à pandemia nos EUA, a quem chamou de “maníaco por mentira”, além de defender a ideia de que ninguém deveria tomar a vacina contra a doença.

Quando foi para o hospital, Farrel mudou de opinião e pediu aos amigos que se vacinassem. 

Phil Valentine. (Divulgação/Press Emblem Campaign)

O apresentador Phil Valentine, da rádio SuperTalk da cidade de Nashville, morreu aos 61 anos. Ele era cético em relação à vacina, mas depois de testar positivo para a doença e antes de ser hospitalizado, afirmou que optou por não ser vacinado porque pensou que provavelmente não morreria.

Valentine aconselhou os ouvintes a se vacinarem caso julgassem que teriam chances de perder a vida. 

Jimmy DeYoung, radialista cristão que questionou as vacinas, morreu aos 81 anos em 15/8.

Ele foi hospitalizado com Covid-19 oito dias antes. O programa Prophecy Today, comandado por DeYoung, foi ouvido em “mais de 1.500 estações em todo o mundo”, de acordo com seu site.

Jimmy DeYoung. (Reprodução)

Não está claro se DeYoung recebeu vacina. Em seu programa, ele dava atualizações sobre as notícias do Oriente Médio, analisadas sob viés religioso.

Brasil é o país com mais jornalistas mortos pela Covid-19

Novo balanço publicado pela Press Emblem Campaign (PEC), organização sediada em Genebra (Suíça) que vem acompanhando desde o início da pandemia o número de jornalistas mortos por Covid-19 no mundo, mostra que o Brasil distanciou-se das demais nações em número de vítimas e voltou ao topo da lista.

Segundo a entidade, pelo menos 280 profissionais de imprensa brasileiros perderam a luta contra o coronavírus. Em seguida vem o Peru, com 180. Nos levantamentos anteriores, o país andino estava à frente do Brasil ou muito próximo.

Em todo mundo, foram 1.792 vítimas da Covid-19  em 80 países. Apenas em julho e agosto deste ano, quase 120 mortes foram registradas, representando uma média de duas perdas por dia. 

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