Londres – Uma pesquisa do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com mais de 21 mil adultos e crianças de 21 países em comemoração ao Dia Mundial das Crianças (20/11) apontou que os jovens têm mais da metade de probabilidade de acreditar em um mundo melhor do que as gerações mais velhas.

Mas a tendência global não se repete no Brasil: os jovens brasileiros estão em penúltimo lugar entre os que confiam no futuro, com 30%, perdendo apenas para os de Mali.

E os adultos brasileiros estão em último lugar. O país onde as novas gerações estão mais otimistas é a Indonésia, com mais de 80%.

Confiança no futuro 

A pesquisa é a primeira a ouvir várias gerações ao mesmo tempo sobre suas opiniões a respeito do mundo e da infância atualmente, informou o Unicef. Os entrevistados tinham entre 15 e 24 anos e mais de 40 anos em 21 países de todas as regiões do planeta e níveis de renda variados. 

O relatório completo (em inglês) pode ser visto aqui.

Além de confiar no futuro do mundo, crianças e jovens também acreditam que as condições da infância melhoraram. A maioria acha que cuidados de saúde, educação e segurança física são superiores àqueles dos tempos dos pais. 

No entanto, segundo o Unicef e o Gallup, apesar desse otimismo, os jovens estão bem longe de serem ingênuos.Eles exigem ações contra crise climática, ceticismo sobre informação consumida nas redes sociais e para a luta contra depressão e ansiedade.

Se comparados às gerações mais velhas, eles têm mais chance de se sentirem cidadãos do mundo, e facilidade para apoiar a cooperação internacional em ameaças como a pandemia da Covid-19.

Jovens querem fazer do mundo um lugar melhor

A chefe do Unicef, Henrietta Fore, disse que não faltam razões para o pessimismo, mas existe sim uma razão para o otimismo: as crianças e os jovens se recusam a ver o mundo por meio de uma lente derrotista como os adultos.
 
Se comparada com os mais velhos, a juventude permanece esperançosa, muito mais antenada no globo, e decidida a fazer do mundo um lugar melhor.

“Os jovens estão preocupados com o seu futuro, mas eles sabem que são parte da solução.”

No geral, as gerações mais jovens estão mais globalizadas. Cerca de 39% dos jovens têm o dobro de chance de se aceitar parte do mundo que de seu próprio país ou comunidade, que os mais velhos.

Medo da internet e pouca confiança nas redes sociais 

Os jovens brasileiros estão entre os que 10 que mais usam a internet todos os dias, à frente dos americanos. E figuram na sétima posição entre os mais preocupados com riscos na rede. Os adultos brasileiros são ainda mais preocupados, ocupando a terceira posição. 

A maioria sente sérios riscos na internet para crianças como violência, conteúdo sexual explícito (78%) ou bullying e intimidações (79%).

Crianças e jovens confiam mais em governos, cientistas e canais de notícias internacionais como fontes de informações confiáveis. Apenas 17% dos jovens disseram confiar “muito” em plataformas de redes sociais para informação correta.

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Mais dinheiro e mais pressão do que os pais 

O estudo apontou que 64% dos ouvidos em países de rendas baixa e média acreditam que as crianças de seu país terão mais dinheiro que seus pais. Jovens em países de alta renda têm pouca fé em avanços econômicos.

Mais de um terço da juventude relatou sofrer de nervosismo e ansiedade, e quase um em cada cinco disse se sentir deprimido ou ter pouco interesse em fazer as coisas.

Em média, 59% dos jovens acham que as crianças hoje enfrentam maior pressão para ter sucesso que os pais tinham quando eram da mesma idade. 

Luta contra a discriminação

A pesquisa revela que os jovens querem um progresso mais rápido na luta contra a discriminação, mais cooperação entre os países e que os que tomam decisão escutem a voz da juventude.

Cerca de 75% dos que têm conhecimento da mudança climática dizem que os governos têm que tomar decisões para enfrentar o problema.

(Callum Shaw/Unsplash)

Em países de rendas média baixa e baixa, esta parcela é ainda maior: 83%. Os mais jovens também manifestam mais apoio para os direitos Lgbtq+ e aqui as mulheres lideram a luta pela igualdade.

Jovens querem ser ouvidos por políticos

O levantamento traz áreas de convergência entre jovens e gerações mais velhas especialmente sobre clima, educação, colaboração global. As maiores divergências entre jovens e menos jovens são em itens como otimismo e uma mente aberta para o mundo.

As crianças estão ainda mais preparadas ou dispostas a enfrentar a realidade no século 21 que seus pais, segundo a pesquisa. 

Dos entrevistados entre 15 e 24 anos, 58% disseram ser muito importante para os líderes políticos ouvirem as crianças.

(O relatório completo (em inglês) pode ser visto aqui.)

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