Uma tecnologia que as pessoas mal entendem
A explosão da inteligência artificial, uma tecnologia que a grande
maioria das pessoas ainda não entende bem, já está remodelando
as regras da democracia.
A consultoria PWC estima que até 2030 a contribuição da IA para a
economia global será de quase US$ 16 trilhões. Os maiores ganhos
ocorrerão na China e nos EUA, com previsão de aumentar o PIB
desses países em 26% e 14,5%, respectivamente, nos próximos seis
anos.
A última Pesquisa Global sobre IA da McKinsey indica que 65% dos
entrevistados trabalham em organizações que usam regularmente a
IA generativa.
O ChatGPT tem cerca de 200 milhões de usuários ativos por mês, com
70% da participação de mercado total de todas as ferramentas de
inteligência artificial.
Precisão e segurança de dados no centro do debate
Quando se trata de preocupações em torno da IA, há um
consenso universal: tudo se resume à precisão e à segurança dos
dados.
As aplicações potenciais são muitas, diversas e fascinantes, mas
trazem desafios e riscos. O preconceito é uma área de preocupação.
ONGs de privacidade de dados nos EUA, por exemplo, estão
preocupadas com modelos de IA baseados em dados históricos de
crimes que prometem ajudar a prever quem tem potencial de
cometer delitos e em quais locais. Ativistas dizem que isso já resultou
em novas formas de discriminação.
Os sistemas de IA que promovem desigualdades e prejudicam os
direitos humanos se tornarão ainda mais perigosos se não forem
controlados, especialmente quando enfrentamos uma corrida global
para criar, moldar e deter essa poderosa tecnologia."
Rotulagem de conteúdo feito com IA
O debate em torno da transparência sobre a origem do conteúdo
é importante, já que mais e mais redações estão usando IA
generativa na produção, em vez de apenas em tarefas de bastidores.
Obter o equilíbrio entre aproveitar a inteligência artificial para
impulsionar a eficiência e a produtividade na redação em sintonia
com os padrões jornalísticos de precisão, transparência e confiança é
essencial e não é de forma alguma impossível."
O impacto das Big Techs no jornalismo:
lições para a era da IA
A imprensa ainda está se recuperando após perder seus
modelos de publicidade e distribuição para as empresas de
mídia digital, comprovando os efeitos significativos e de longo
prazo que a tecnologia pode ter na sustentabilidade e
viabilidade da atividade.
Há comparações importantes que podem, e devem, ser
traçadas entre esses momentos na jornada do avanço
tecnológico. Aprendizados sobre a regulamentação de
plataformas de mídia social devem ser aplicados urgentemente
às conversas em torno da governança ética e da
regulamentação da IA."
Direitos autorais e compensação para criadores
O desequilíbrio de poder entre empresas de mídia digital e
organizações jornalísticas criou uma dinâmica de "o vencedor
leva a maior parte", com as plataformas tendo capacidade de
decidir o que consideram "valioso" o suficiente para se
envolver e negociar.
Como vimos até agora, os beneficiados pelas plataformas são
frequentemente os veículos de mídia tradicionais, mas há uma
necessidade crítica de que veículos menores e independentes
sejam protegidos, pois são essenciais para um ecossistema de
mídia vibrante e pluralista."
O modelo britânico
O Digital Markets Act do Reino Unido é um exemplo de como a
legislação pode equilibrar o jogo do licenciamento, ao obrigar
as maiores empresas de tecnologia a se sentarem e negociarem
com qualquer empresa da qual dependam para seus serviços
— incluindo as de IA que usam o conteúdo protegido por
direitos autorais de canais menores para treinar seus sistemas.
Isso não quer dizer que a legislação seja uma bala de prata.
Haverá desafios para descobrir quanto material de treinamento
foi extraído e o valor desse conteúdo. Mas certamente é um
passo na direção certa."
Antonio Zappulla
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