Alessandra Costante, Federação
Nacional da Imprensa Italiana
onia, 32 anos, sempre sonhou com
uma carreira no jornalismo.
Mas hoje ela tem de se desdobrar para
realizar o que chama de "trabalhos extras"
como freelancer para pagar as contas.
Este é um dos percalços enfrentados por
quase 40% dos colegas de Sonia.
As preocupações da categoria na Itália são
variadas: pressão por parte dos chefes
para reportar rapidamente as "breaking
news", horas intermináveis dentro da
redação, uma ínfima remuneração e o
consequente esgotamento físico e mental.
O problema virou outro grande vilão, ao
lado de baixa remuneração e instabilidade
no emprego.
Itália, por
FERNANDA MASSAROTTO
O impacto das condições de
trabalho na saúde mental
"As empresas deveriam oferecer mais autonomia,
respeito e flexibilidade aos seus empregados, além
de permitir que passem mais tempo com a família,
com amigos ou simplesmente praticando um
esporte", diz a jornalista científica e escritora Eliana
Liotta.
Colunista do jornal Corriere della Sera e autora de
vários best-sellers sobre saúde e bem-estar
voltados para o público, ela acaba de lançar "La vita
non è una corsa: Le quattro pause che fanno
guadagnare salute e giovinezza" (A vida não é uma
corrida: As quatro pausas que fazem ganhar saúde e
juventude).
Junto com especialistas da Universidade e do
Hospital San Raffaele de Milão ( neurocientistas,
endocrinologistas, gastroenterologistas,
psicólogos, médicos do sono e fisiatras), Liotta
aponta no livro quatro pausas fundamentais:
A vida
não é
uma
corrida’
Pausas da natureza, ditadas pelos
nossos biorritmos, do sono à
respiração profunda e rápida
Pausas para reduzir a velocidade do
pensamento, procurando equilíbrio
entre trabalho e vida privada,
desconectando de dispositivos
eletrônicos e atuando em causas
como o voluntariado
Pautas sentimentais, que constroem
e fortalecem nossos vínculos com os
outros
Pausas inegociáveis e muito pessoais
que proporcionam sensação de bem-
estar
"A crise no setor editorial é real e profunda. E
já não é mais um tabu dizer que vivemos sob
constante estresse. Culpa de uma profissão
com um ritmo frenético e extenuante", afirma
Alessandra Costante, secretária-geral da
Federação Nacional da Imprensa Italiana
(FNSI).
"Exigir melhores salários, compromisso
dos grupos editoriais e fazer com que a
informação não seja delegada a um
algoritmo faz parte de nossa luta diária
para o bem-estar físico e mental dos
colegas", diz Costante.
Eliana Liotta acredita que assistência psicológica é
fundamental e quase obrigatória.
“O estresse crônico produz um estado inflamatório
generalizado em nosso corpo que é a base de
inúmeras patologias”, observa ela, que aconselha
exposição ao sol por alguns minutos ao dia, atividade
física, socialização com amigos e familiares e
sobretudo se desconectar dos aparelhos eletrônicos.
Os primeiros passos em relação à saúde
mental dos repórteres e editores
italianos já estão sendo dados.
A Casagit, fundo de saúde da categoria,
desenvolve um estudo sobre o tema e
em breve colocará em prática um
serviço de consultoria e apoio psicológico
dentro e fora das redações.
E entrou em vigor um acordo preliminar
com o Cnop (Conselho Nacional de
Psicólogos), que oferece aos jornalistas
inscritos na Casagit um desconto de 20%
para sessões de psicoterapia e psicologia
com profissionais conveniados.
A batalha por novos contratos, garantia de
emprego e as ameaças representadas pelo uso
da IA no jornalismo estão na pauta do FNSI.
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