Londres – Mais um setor do mundo corporativo resolveu se unir contra o assédio nas empresas. Uma grupo de profissionais da área de segurança digital lançou nesta quinta-feira (20/7) no Reino Unido a iniciativa Respect in Security (Respeito na Segurança), destinada a apoiar vítimas de assédio online e encorajar empresas a enfrentarem o problema. Em uma pesquisa feita pelo movimento, o Twitter foi apontado como principal canal de assédio, seguido pelo email.
O Respect in Security pede às organizações que formalizem o compromisso de criar um local de trabalho livre de assédio. As empresas que se inscrevem no esquema devem se comprometer com sete princípios, incluindo proteger a identidade da pessoa que denuncia o assédio, ter canais de reporte e não “ignorar” qualquer forma de abuso.
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Uma das ações é o uso de um banner nos perfis de redes sociais, tanto pelos que apoiam quanto pelas empresas que aderirem. Embora seja direcionado a profissionais de segurança, é uma ideia que pode inspirar outros setores.
“O assédio vem de várias formas. Pode ser online ou pessoalmente, físico, verbal ou não verbal e envolve comunicação direta ou ação deliberada para excluir indivíduos. Isso viola a dignidade pessoal e pode criar um ambiente intimidador, hostil, degradante, humilhante ou ofensivo para as vítimas ”, disse Rik Ferguson, cofundador da Respect in Security.
Iniciativa ouviu 300 profissionais para dimensionar assédio
A ideia do movimento partiu de Lisa Forte, que já trabalhou em segurança cibernética para o serviço de inteligência e para a polícia do Reino Unido, e agora dirige a empresa Red Goat Cyber Security. Junto com ela está Rik Ferguson, vice-presidente de pesquisa de segurança da empresa Trend Micro.
Antes de lançar a Respect in Security, eles fizeram uma pesquisa para diagnosticar a extensão do problema, ouvindo mais de 300 profissionais que atuam em segurança digital. O estudo revelou que cerca um terço deles tiveram experiências pessoais de assédio online (32%) e presencial (35%).
Dos que relataram ter experimentado assédio pessoal, a maioria disse que ocorreu em eventos do setor (36%), no escritório (47%) ou em eventos sociais (48%). O assédio online ocorreu com mais frequência no no Twitter (44%) ou por e-mail (37%).
SOC.OS are proud to be standing with @RespectinSec, launching today! We're coming together to make a stand against abuse and harassment in #infosec.#respectinsecurity #safeinsecurity #stampitouthttps://t.co/26V7asW9hZ
— SOC.OS (@SOCOS_Cyber) July 22, 2021
“Passei por uma época terrível, mas sou uma das sortudas”, conta fundadora
Lisa foi uma delas. Em uma entrevista à Forbes, ela disse ter passado por muitos trolls e abusos, até perseguições online e offline, nos últimos dois anos, conforme seu perfil se tornava mais proeminente.
“Percebi que já experimentei esse comportamento que se tornou esperado e quase a norma”, disse Lisa. “Passei por uma época terrível”, diz ela, “mas sou uma das sortudas.” Não ser vulnerável ou isolada, não sofrer de problemas de saúde mental ou ter um chefe difícil são aspectos positivos para Lisa. “Mas como fica a situação das pessoas que têm problemas de ansiedade, por exemplo?”, pergunta.
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Embora 82% dos entrevistados tenham dito que sua organização tem uma política antiassédio e procedimento de reclamações, quase a metade (45%) argumentou que seu empregador deve fazer mais para garantir que todos os funcionários entendam o que constitui assédio e como é um comportamento aceitável.
Iniciativa defende responsabilização de autores de assédio
Outros 40% disseram que as organizações precisam melhorar a transparência dos processos para mostrar que todos os casos de assédio serão reconhecidos e investigados.
Com a situação atual, 16% dos entrevistados disseram que não contariam a ninguém se testemunhassem ou fossem vítimas de assédio. Quase metade (44%) dos profissionais de segurança cibernética acreditam que os relatos de assédio no setor são bastante precisos e um quarto (25%) acha que eles são altamente sub-representativos.
“Por mais que sejamos tentados a retaliar o que vemos acontecendo, nem sempre é a melhor maneira de lidar com esse tipo de comportamento”, disse Lisa Forte. “Em vez disso, gostaríamos que a indústria se unisse para erradicar o assédio e tornar os perpetradores responsáveis por suas ações por meio dos canais oficiais. Pedimos a todas as organizações que assinem nosso compromisso. ”
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