Londres – Em mais um capítulo da série de violações da liberdade de imprensa em Belarus, o Supremo Tribunal decidiu dissolver as duas principais organizações de jornalistas no país, a Associação de Jornalistas de Belarus (BAJ) e a filial da Federação Europeia de Jornalistas (EFJ).
O presidente da Federação Europeia (EFJ), Mogens Blicher Bjerregård, responsabilizou o presidente da república pela decisão do Supremo, resultado de uma sessão realizada em 27 de agosto.
“Depois de organizar eleições fraudulentas para se manter no poder, o ditador Alexander Lukashenko ordenou a liquidação de organizações da sociedade civil do país”.
Lukashenko foi reeleito para o cargo em agosto de 2020, com mais de 80% dos votos. O resultado foi contestado e gerou um movimento de protesto inédito na ex-república soviética, dirigida por ele desde 1994. A repressão nas ruas e contra a imprensa e ativistas vem aumentando desde então, com episódios como o banimento do canal Euronews do país.
Um dos casos que ganhou repercussão internacional foi a prisão de Roman Protasevich, capturado em maio a bordo de um avião que voava entre a Grécia e a Lituânia e foi obrigado a fazer um pouso forçado em Minsk.
Ele era editor do Nexta, um canal que desafiou a censura aos meios de comunicação tradicionais utilizando o Telegram.
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Mobilização internacional contra a extinção das organizações
Mogens Bjerregård conclamou que as organizações intergovernamentais se mobilizem e c cobrou que a União Europeia, o Conselho da Europa, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e as Nações Unidas reajam com firmeza contra o fechamento das entidades. Ele disse que “os liquidatários e as forças de repressão devem ser severamente punidos”.
Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), a extinção é o resultado de meses de ataques contra a BAJ, que tem defendido a liberdade de imprensa durante anos no país.
“Os jornalistas precisam desesperadamente do apoio da BAJ. Estamos defendendo a entidade em nome da liberdade de imprensa e liberdade da associação”, disse o presidente da IFJ, Younes MJahed.
Segundo a Federação, dezenas de outras estão ameaçadas de fechar em Belarus, incluindo grupos culturais, ambientais e de proteção do patrimônio, como o Centro PEN de escritores da Bielorrússia, o escritório para os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Conselho Nacional da Juventude, o Clube de Imprensa e organizações com foco nos direitos de gênero e grupos de apoio a idosos.
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Alexander Lukashenko, líder do país europeu mais perigoso para jornalistas
No dia 9 de agosto, o presidente de Belarus reuniu jornalistas e autoridades em seu gabinete e mais uma vez proclamou sua vitória em uma eleição “totalmente transparente” contra uma oposição que preparava um “golpe”.
“O ano não foi fácil”, disse ele, referindo-se aos protestos que, segundo ele, representavam “uma ameaça à unidade nacional”.
Não tem sido fácil também para a mídia independente. O ranking anual da organização Repórteres Sem Fronteiras, publicado em abril, colocou Belarus na 158ª posição em liberdade de imprensa.
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“Jornalistas e blogueiros críticos são sujeitos a ameaças e violência e são presos em grande número. Existem cortes na internet. Os principais sites de notícias estão bloqueados. A mídia impressa é censurada e o acesso à informação é restrito.
Desde a disputada eleição presidencial, em agosto de 2020, os poucos meios de comunicação independentes foram perseguidos pela polícia, tentando impedir a cobertura dos enormes protestos de rua.
Eles já foram perseguidos pelas autoridades, multados e forçados ao exílio, mas não haviam sido perseguidos nessa escala. As batidas e os processos são muito mais frequentes e as sentenças de prisão cada vez mais longas. Apesar dos riscos e do aumento da propaganda na mídia estatal, jornalistas corajosos continuam a cobrir os acontecimentos.”
Este ano, Lukashenko foi listado como um dos predadores da liberdade de imprensa no mundo pela RSF, que incluiu também o presidente Jair Bolsonaro.
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