Programa da BBC sobre William e Harry enfurece família real, que poderia “boicotar” a rede
Luciana Gurgel
Foto: reprodução The Princes and The Press/BBC
Londres – Um documentário que irá ao ar na noite desta segunda-feira (22/11) pela BBC está enfurecendo a família real britânica,, com rumores até de que poderia boicotar a emissora pública, um patrimônio nacional e que sempre deu ampla cobertura aos assuntos da monarquia.
O programa The Princes and the Press (Os Príncipes e a Imprensa), em dois capítulos, trata do relacionamento de William e Harry com a mídia, e teria revelações como a de que assessores de ambos “vazaram” informações sigilosas para jornalistas com intuito de causar prejuízo de imagem.
O descontentamento da realeza – incluindo a rainha Elizabeth, de 95 anos – deve-se oficialmente à recusa da BBC em mostrar o programa antes, como ocorreu em outras ocasiões.
Palácio de Buckingham não comentou
Mas pode ser bem mais do que isso, pois o conteúdo parece ser explosivo e nada garante que a BBC o removeria mesmo exibindo previamente à família real.
Como costuma acontecer em casos sensíveis assim, não houve declarações ou comunicados oficiais sobre o descontentamento.
No entanto, os jornais e sites britânicos atribuem a fontes reais as notícias sobre a revolta que estaria unindo as três casas reais, o Palácio de Buckingham, a Clarence House (onde vive o príncipe Charles) e o Palácio de Kensington, residência de William.
O programa chega ao mesmo tempo em Harry e Meghan tiveram um revés no processo que a duquesa de Sussex move contra o jornal Mail on Sunday por conta da publicação de trechos da carta que enviou ao pai depois do casamento.
Há duas semanas, ela admitiu que mentiu para a justiça ao dizer que não havia colaborado para a biografia Finding Freedom, depois que um ex-assessor forneceu à Corte correspondências provando o contrário.
No domingo, o mesmo jornal citou uma fonte real que teria chamado o documentário de ‘tagarelice’. E disse que a recusa em mostrar uma prévia deixou a rainha Elizabeth, de 95 anos, ‘chateada’.
De acordo com o jornal, o Palácio avisou que não ajudará mais em projetos futuros da BBC, a menos que tenha o direito de responder nesse programa.
Jornalista republicano é autor do programa
“The Princes and the Press” foi escrito e será apresentado por um respeitado jornalista da BBC, Amon Rajan, editor de mídia da rede. Vai ao ar 21h pela BBC2, e o segundo capítulo será exibido no dia 29/11.
Diferentemente do que costuma acontecer em lançamentos de especiais, não houve uma apresentação prévia para a imprensa. O autor da investigação não deu entrevistas nem fez comentários sobre o conteúdo.
Jornais e colunistas que defendem a realeza fizeram questão de salientar que Rajan é um republicano autodeclarado. E lembraram declarações antigas do jornalista, que rotulou a monarquia de “absurda” e a mídia de “meio de propaganda” para a família real.
Um porta-voz da BBC disse: “O programa é sobre como o jornalismo real é feito e apresenta uma série de jornalistas da radiodifusão e da indústria jornalística”, sugerindo que as informações estarão bem fundamentadas.
Esta é a segunda vez que o Palácio de Buckingham intervém na mídia para tentar atenuar notícias sobre desentendimento entre os irmãos.
No ano circulou a notícia de que horas antes de o documentário da rede ITV Harry And William: What Went Wrong? ir ao ar, um trecho atribuindo ao jornalista Omid Scobie (autor da biografia dos Sussex) teria sido removido. A informação seria de que assessores de William fizeram chegar à imprensa rumores sobre problemas emocionais de Harry.
Entrevista da princesa Diana abriu crise
O relacionamento da BBC com a família real já vinha tenso, sobretudo depois do escândalo envolvendo o repórter Martin Bashir.
Um relatório da própria redecomprovou este ano que ele usou documentos falsificados para convencer a princesa Diana a conceder uma entrevista histórica, em 1995, em que acusou o príncipe Charles de adultério.
A entrevista levou ao divórcio do casal. A história dos documentos falsos (extratos bancários sugerindo que a realeza estaria pagando espiões para seguir os passos de Diana) chegou a ser revelada na época, mas acabou sendo deixada de lado.
Bashir foi até promovido, virou estrela na TV americana e voltou para a BBC como editor de religião, cargo que ocupava até o escândalo explodir no início deste ano. Ele deixou a rede, mas o caso não esfriou.
O príncipe William atacou a BBC quando o relatório foi divulgado este ano.
Ele disse que sua mãe “foi reprovada não apenas por um repórter desonesto, mas por líderes da BBC que olharam para o outro lado em vez de fazer perguntas difíceis”.
A BBC já teve que pagar cerca de £ 750 mil ao ex-designer gráfico Matt Wiessler – que acabou pagando a conta e perdendo o emprego quando denunciou aos seus chefes na BBC de que extratos bancários falsos que Bashir pediu que ele simulasse foram usados para garantir a entrevista com Diana. E outros pedidos de indenização ainda são negociados.
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